Duas recentes pesquisas do Instituto Paraná, mostrando o cenário pré-eleitoral em duas capitais importantes do Nordeste, externam um quadro curioso. Incomum até então.
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Lula da Silva, o líder supremo, continua gozando de boa popularidade e com bons índices de aprovação de seu (des) governo.
Apesar de o país estar acelerando na direção do abismo, político, econômico, social; das incontáveis e surreais asneiras que o guru do esquerdismo nacional profere com incomparável frequência.
Meu rei
Para se ter uma ideia, o governador da Bahia, o petista Jerônimo Rodrigues, tem aprovação na casa dos 50% e reprovação batendo em 45%, percentuais muito próximos da margem de erro.
Lavada
Em Salvador, o oponente de Bruno Reis é o vice-governador, Geraldo Jr., filiado ao MDB e apoiado pelo PT e por Lula da Silva. O emedebista não tem 13% da preferência dos entrevistados. Bruno Reis é o preferido de 67,6% dos eleitores soteropolitanos.
Estado vermelho
O atual inquilino do Planalto, a seu turno, bate na casa dos 60% na Capital do estado que, em 2022, deu 72% dos votos ao ex-presidiário e foi decisivo para a vitória que saiu das urnas.
Dianteira
Na Capital do Ceará, o cenário é mais equilibrado, mas também favorável a um nome do União Brasil, Capitão Wagner, que disputa contra o prefeito José Sarto, do PDT, partido de Cid Gomes. Wagner desponta com 33% das intenções de voto dos eleitores de Fortaleza. O pedetista patina em pouco mais de 18%, uma desvantagem de quase 15 pontos percentuais.
Ladeira abaixo
Mas os problemas de Sarto não param por aí. Sua gestão à frente da cidade é desaprovada por 52% dos ouvidos pelo Paraná Pesquisas.
Os moradores de Fortaleza também não estão gostando muito da administração do governador petista Elmano de Freitas. Há um empate técnico: 48,3% de aprovação contra 47% de rejeição.
Mediana
Em terras cearenses, a popularidade de Lula também não está tão nas alturas. Segundo a pesquisa, o xamã petista e seu desgoverno amealham 51,4% de aprovação, ante uma desaprovação de 45,3%.
Até no Nordeste?
Trocando em miúdos: Lula continua bem nas duas capitais, avaliação que tende a refletir um sentimento também dos estados. Mas já esteve melhor e claramente não está transferindo votos para seus aliados em duas prefeituras tão estratégicas como Salvador e Fortaleza.
Perspectivas
Por outro lado, a oposição a Lula, ao PT e às esquerdas, não só vai se manter na oposição na capital baiana, o que tende a enfraquecer a chance de permanência do PT no governo do estado quando se olha para 2026, como pode assumir o comando de Fortaleza, desbancando um prefeito canhoto e com possibilidade de reeleição.
Só ele
Registramos, recentemente, que Lula não tem sucessor. Não criou ninguém para o pós-deidade. Em 2024, ele segue forte no Nordeste, mas é ele, ele e somente ele. Ninguém mais.
Desde que decidiu renunciar ao mandato de prefeito de Florianópolis, em 2022, para a aventura de disputar o governo do estado naquele ano, Gean Loureiro vem fazendo movimentos arriscados, bruscos, na linha do vai ou racha. Do tudo ou nada.
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A principal canelada foi o rompimento público com sua criatura política, o atual prefeito Topázio Silveira Neto. Posicionamento que bate de frente com os mandatários do União Brasil, partido ao qual Gean ainda está filiado. Vai de encontro, inclusive à postura presidente do diretório estadual da legenda, Fábio Schiochet, que é deputado federal e mostra-se irredutível em relação a manter-se conectado ao grupo do prefeito.
Os três estaduais da sigla – Sérgio Guimarães, Jair Miotto e Marcos da Rosa -; bem como os quatro vereadores da Capital, Dalmo Meneses, Dinho, Josimar Mamá e Noemi Leal, também não dão quaisquer sinais de que poderão rever a palavra empenhada pela manutenção do acordo que asseguraria o apoio do UB ao projeto de reeleição de Topázio Neto.
Detalhes
Há muitas nuances nessa queda-de-braço, que tem tudo para terminar nas barras da Justiça. Antes disso, tudo indica, salvo uma grande reviravolta, que haverá intervenção no diretório municipal do UB em Florianópolis, instância partidária controlada por Gean Loureiro.
Esconde-esconde
Uma das nuances nesse imbróglio todo começa a transparecer agora. O próprio Gean admitiu que está jogando com o regulamento embaixo do braço. Explica-se. Como o UB nasceu recentemente da fusão dos agora extintos DEM e PSL, os prazos da Justiça Eleitoral em relação ao partido seriam diferenciados.
Goela-abaixo
E que não haveria mais tempo hábil para mudar a decisão da executiva municipal, controlada por Gean, de indicar uma ex-secretária dele, Maria Cláudia Goulart, como candidata a vice de Dário Berger (PSDB).
Geleira geral
Então pode-se concluir que o ex-prefeito escondeu o jogo para ganhar tempo e está prestes a dar uma rasteira nos próprios companheiros.
Irreversível
Isso porque se a convenção do partido for mantida para sábado e Gean passar o nome de Maria Cláudia como vice de Dário, não haverá mais possibilidades, do ponto de vista interno, partidário, de mudar o quadro.
Ligações
Não custa rememorar que Fábio Schiochet, o comandante estadual do União, é também o tesoureiro da executiva nacional do partido e umbilicalmente ligado a Antônio Rueda, presidente nacional do UB. Cargo que assumiu após dar um xeque-mate no ex-comandante, Luciano Bivar.
Reação
Certamente os dois, Schiochet e Rueda, não vão deixar barato, acelerando os trâmites internos para dar um chega pra lá em Gean.
Musculatura
O ex-prefeito, registre-se, é um grande ativo do UB hoje na região da Grande Florianópolis. Tanto é verdade que já disputou o governo estadual, embora tenha ficado num modesto quarto lugar lá em 2022. Mas tem um recall e uma certa estadualização do nome.
Força do mandato
Outro aspecto importante a partir da disputa interna. Fabio Schiochet optou por ficar ao lado dos deputados e vereadores pela força dos mandatos. Gean está sem mandato apesar de ainda ser popular e de ser lembrado como um grande prefeito. Sem contar que o presidente estadual da sigla também transparece, por estar irredutível, que está apostando que Topázio tem mais chances do que Dário no pleito de outubro.
Lar, doce lar
Os signatários do acordo que foi firmado com Topázio Neto lembram que essa decisão foi tomada na casa do próprio Gean Loureiro.
CNPJ
Com o PSDB caindo pelas tabelas seus poucos deputados federais asseguram um tempo diminuto de rádio e TV para a campanha de Dário Berger. O ingresso formal do União Brasil na chapa liderada pelo neotucano garantiria a ele um outro patamar neste quesito importante para as eleições onde há emissores de TV. O União tem uma das maiores bancadas da Câmara Federal.
Tacada
Ao fim e ao cabo, se Gean conseguir levar o CNPJ do partido para o projeto de Dário Berger, ele se fortalece caso o tucano vença as eleições e pode sonhar com uma candidatura viável a deputado estadual em 2026. Hoje, contudo, Topázio é o favorito à reeleição.
Ostracismo
Caso o grupo de mandatários do União vença a parada, Gean não terá outro caminho a não ser deixar o partido. Enfraquecido, ficará com poucas perspectivas eleitorais para o futuro próximo.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.