É impressionante como a dissimulação permeia as atividades políticas no Brasil.
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Senão vejamos. Fernando Henrique Cardoso completou, semana passada, 93 anos. Ele que já está fora de combate nos últimos seis meses.
Não escreve mais semanalmente nos jornais como fazia até meados de 2023. O ex-presidente foi se retirando da cena. Em 2022, Lula conseguiu arrancar uma foto, e declaração de voto, de Fernando Henrique.
Eles têm um relacionamento que vem da década de 1970. Candidato ao Senado em sublegenda, FHC, filiado ao MDB, fez a segunda maior votação e ascendeu à Câmara quatro anos depois com a eleição de Franco Montoro ao governo paulista. Ali começou a trajetória do tucano.
Companheirada
Na primeira experiência eleitoral, FHC recebeu apoio de Lula. Mas com o tempo eles foram se distanciando. Em 1989 o PSDB lançou Mário Covas candidato a presidente.
Bico e pena
Tucanato, aliás, que nasceu de uma dissidência do MDB pelas mãos de Covas, Franco Montoro, FHC, José Serra e por aí vai.
No segundo turno de 1989, FHC e o PSDB apoiaram Lula da Silva contra Fernando Collor de Mello.
Quase lá
O petista chegou ao round final suplantando Leonel Brizola, do PDT, nos últimos dois dias da campanha. Lula da Silva e FHC passaram a viver às turras a partir de 1994. Naquele ano, o tucano surfou a onda do plano Real e elegeu-se presidente.
Perdendo
Fernando Henrique derrotou o petista em duas eleições consecutivas, ganhando em primeiro turno. Depois de seus oito anos, Fernando Henrique lançou José Serra como sucessor. Mas Lula passou a espezinhar FHC. Não sendo correspondido. O ex-presidente queria ficar numa boa com o petista.
Ah tá
O líder vermelho fez campanha dizendo que acabaria com o plano Real. Lorota. Lula surfou o sucesso do Real. Tanto que se elegeu e reelegeu em 2006. As relações entre os dois sempre foram de altos e baixos. Muito mais pela intransigência e a petulância de Lula. O tucano sempre procurou contemporizar, equilibrar, mas o petista esticava a corda.
Economia
Foi com a queda de Collor e a ascensão de Itamar Franco que tudo surgiu, com a ajuda de economistas brilhantes. Entre eles, Pedro Malan, Armínio Fraga, Pérsio Arida e tantos outros. Pessoas preparadas, que estudaram.
Líder supremo
Lula se julgava acima de todos. Nesta semana, o presidente que saiu das urnas foi visitar FHC, querendo sinalizar que o PSDB está com o PT.
Uhum
Lula está querendo dizer que essa faixa do eleitorado deve votar no PT e não na direita. Além do oportunismo político, Lula da Silva, ao dar um abraço em FHC, pai do plano que ele tanto criticou, sela uma verdade: é o plano que mantém o Brasil numa certa estabilidade.
Sem rumo
O atual governo não tem qualquer estratégia econômica. O único objetivo é arrecadar. Mais e mais. Errou FHC ao receber Lula. Porque justamente a formulação do Plano Real não tem nada a ver com o que acompanhamos hoje.
Considerando-se os 12 maiores municípios de Santa Catarina, temos cinco prefeitos reeleitos trabalhando para fazer seus respectivos sucessores.
Vamos começar com os dois do PL. Fabrício de Oliveira, de Balneário Camboriú, e Mário Hildebrandt, de Blumenau.
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Ambos eram filiados ao Podemos. Fabrício veio antes, já com o passaporte carimbado para o segundo turno do pleito de 2022. Virou liberal.
Já Hildebrandt, que chegou depois, acabou apoiando Egídio Ferrari, deputado estadual trazido por Jorginho Mello. O parlamentar saiu do PTB. Mas está filiado ao PL.
A costura foi excepcional. A vice será indicada por Hildebrandt, Maria Regina Soar, atual vice-prefeita, do PSDB.
Não bastasse o apoio do governador e do prefeito, Egídio terá o apoio de Jair Bolsonaro. E, claro, do ex-prefeito de dois mandatos, João Paulo Kleinübing. Ele é o atual presidente do BRDE. Com o PP e o MDB respaldando. Tem tudo para ser uma eleição de turno único no terceiro maior colégio eleitoral.
Incógnita
Já em Balneário não se pode dizer o mesmo. O prefeito Fabrício Oliveira resolveu inventar. O governador se submeteu a uma intervenção nacional e o jovem marqueteiro ficou testando uma série de candidaturas.
Pregador
Até que enfim, Fabrício se fixou num pastor: Peeter Lee Grando. Uma candidatura natimorta. O prefeito, aliás, faz uma trapalhada atrás da outra. Dos grandes municípios, Balneário é o único que envergonha o PL. Ou dará Juliana Pavan, ou outro nome qualquer.
Serra
Agora vamos para dois nomes do PSD. Em Lages, Antônio Ceron está encerrando a vida pública. Tem quase 80 anos. Diferentemente de Clésio Salvaro, de Criciúma. Recém filiado ao PSD. Ali, ele luta para eleger Waguinho Espíndola, o ungido da vez.
Força
Mas, Waguinho tem contra o deputado federal Ricardo Guidi, com apoio de vários deputados federais, estaduais, Jair Bolsonaro e Jorginho Mello. E até dois pessedistas. O deputado federal Ismael dos Santos e o suplente Darci de Matos, que está no exercício do mandato.
Fim de carreira
Voltando pra Lages, Lio Marin será o candidato respaldado pelo pessedismo e também pelo próprio prefeito Ceron. Marin, que foi Procurador-Geral de Justiça, é filiado ao União Brasil.
Doente
Em Itajaí, Volnei Morastoni, combalido politicamente, e adoentado, apoiará o deputado federal Carlos Chiodini, que transferiu o domicílio eleitoral de Jaraguá para a cidade peixeira.
Obstáculos
Ocorre serem sérias as dificuldades do emedebista. Não só porque chegou agora à cidade, mas também pelo brutal desgaste dos dois mandatos seguidos de Morastoni.
Aproveitamento
Desses cinco, algum tem possibilidade de ser aproveitado no colegiado de Jorginho Mello? No PSD obviamente que não. Nem Ceron e nem Salvaro. Quanto a Morastoni, ele também está pendurando as chuteiras.
Liberais
No PL, Fabrício Oliveira até poderá emplacar no colegiado. Se fizer o sucessor. Algo improvável. Quanto a Mário Hildebrandt, este tem lugar já reservado no primeiro escalão. Mesmo que perca a eleição, o que é muito difícil, ele tem lugar assegurado no colegiado, até porque se constitui na principal liderança política do Vale do Itajaí.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.