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PSD-SC no brete

Por Cláudio Prisco Paraíso
02/07/2024 - 10h15.Atualizada em 02/07/2024 - 10h15

Jorginho Mello deu uma bela de uma encurralada no PSD. Mas, por ora, apenas setores do União Brasil estão a reagir na Capital. Ou muito provavelmente a corrente liderada pelo ex-prefeito Gean Loureiro.

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O tamanho dessa ala dentro do UB é uma incógnita. Se sabe, no entanto, que ele se encontra meio isolado. Senão vejamos. O único deputado federal do partido, que preside a legenda no estado, Fábio Schiochet, não admite outra solução que não seja a de respaldar a reeleição de Topázio Silveira Neto.

Assim como os três deputados estaduais e os três vereadores alojados na Câmara de Florianópolis. Então temos aí sete detentores de mandato, todos fechados com o atual prefeito.

Quem, portanto, Gean levaria para respaldar Dário Berger (mais provável) ou Pedrão Silvestre? Seus ex-secretários municipais? Mas qual a representatividade desse grupo? Gean Loureiro ainda é o maior eleitor da Capital. Ponto.

Respingos
 
Resta saber como vai estar ao longo da campanha, considerando-se aí uma série de operações em curso, sendo que a mais sensível e mais recente delas, até aqui, é a Presságio, que levou à prisão Ed Pereira, seu ex-colaborador e amigo pessoal. Os dois são correligionários.

X9

Ele pode recorrer a uma delação que circunstancialmente pode respingar em Gean Loureiro.

Cara de paisagem

Quando afirmamos que o PSD ainda não deu demonstrações de que sentiu o golpe, é pelo seguinte. O ex-prefeito do UB, que recebeu o apoio dos pessedistas para concorrer ao governo e abrir o espaço de vice a Eron Giordani e a Raimundo Colombo ao Senado em 2022, está agindo com pragmatismo.

Ponte

Ele já percebeu que o grande patrocinador do projeto de reeleição de Topázio Neto é o governador do Estado. O PL vai indicar o vice. O PSD está fazendo cara de paisagem. Como se nada estivesse acontecendo. Se fazendo de desentendido.

Sem volta

É evidente que uma vez reeleito, Topázio estará com Jorginho. Seja no PL, seja no Republicanos ou no Podemos, duas legendas que vão se transformar em apêndice dos liberais.

Embretado

Qual a saída para o partido? O prefeito de Florianópolis está no PSD.  Participa das reuniões, eventos, mobilizações pelo interior, mas já está acertado com o governador.

Incógnita
 
O que eles vão fazer? Apoiarão outra candidatura, assim como Gean? O União Brasil vai estar com Topázio. O ex-prefeito vai abrir uma dissidência. E o PSD, vai abrir outra dissidência tendo o prefeito filiado ao partido e candidato à reeleição?

 Dissimulados

Vão ter que agir no contexto da dissimulação, esperando que Topázio fique com eles. Só que não, ele não vai ficar.

“Tudo junto”

O UB vai estar também com Jorginho Mello. Se trata de um partido que tem tudo para estar numa federação com o PP e o Republicanos. O PP hoje encontra-se fechadaço com Jorginho em SC e o Republicanos já está sob o controle do governador.

Em família

O deputado federal Jorge Goetten foi para a proa da sigla pelas mãos de Jorginho, que colocou seu irmão, Juca Mello, de vice-presidente estadual.

Bicho pega

O PSD está absolutamente engessado, imobilizado, não sabe para onde correr. Vai ter que fazer de conta que vai trabalhar por Topázio, sabendo que logo, logo o prefeito vai dar um aceno, um tchauzinho para eles.

Aham

Ah mas o PSD vai eleger outros prefeitos. Aonde exatamente? Chapecó? Evidentemente que João Rodrigues tem tudo para se reeleger. Mas vai passar trabalho.

Passado e presente

Uma vez confirmada a coligação com o PT indicando o vice do MDB, a campanha vai esquentar no Oeste.

Telhadão

 As muitas vulnerabilidades de João Rodrigues virão à tona. Papuda, Paraguai, algema no aeroporto, filminho pornô na Câmara dos Deputados e outras coisitias mais. E o PL ainda vai lançar candidato na Capital do Oeste.
 
Derrapada

Em Balneário Camboriú, aonde foi a única situação em que o governador perdeu a mão, o PSD vai ter que trabalhar dobrado.

Desempenho

A candidata é boa, apesar do desgaste do pai, Leonel Pavan, mas Juliana Pavan vem se havendo muito bem. E provavelmente terá o apoio do deputado Carlos Humberto. Para o PSD, a perspectiva é essa: vencer em Chapecó e Balneário Camboriú entre os 15 maiores municípios.

Tchau, queridos
 
Esqueçam Topázio Neto. As cabeças coroadas pessedistas hoje usam o discurso de que administram o maior número de catarinenses. Aguardemos 1 de janeiro de 2025. O PSD-SC está batendo pino.

Luiz Fux tem razão sobre maconha. O poder político é o baseado do STF

Por Cláudio Prisco Paraíso
01/07/2024 - 09h15.Atualizada em 01/07/2024 - 09h17
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O blog subscreve integralmente o artigo do jornalista Mário Sabino, publicado em vários jornais e portais brasileiros. Luiz Fux, na decisão sobre a maconha: “Assistimos ao Judiciário sendo listado a decidir sobre o que não dispõe de capacidade institucional”

Mario Sabino

“Nunca fumei maconha, jamais fumei tabaco. Também nunca cheirei cocaína ou qualquer outro pó entorpecente ou “expansor da consciência”, como diz o Gilberto Gil. Não por moralismo, mas por não gostar de fumaça em pulmão e por ter medo de ter um treco. Bebo vinho, mas não mais como há dez, quinze anos: o que já era pouco agora é pouquíssimo. Sou um imperfeito careta.

Não é que tenha crescido em uma bolha de caretice. O que essa moçada faz hoje, achando que está rompendo barreiras, os meus colegas de Colégio Equipe, em São Paulo, faziam em triplo nos anos 1970.

Durante a ditadura militar, no reduto escolar de filhos da esquerda, todas as formas de expressão e de autodestruição eram livres, das drogas ao sexo. Até se podia se discordar da esquerda, veja só o que é experiência-limite, sem medo de ser patrulhado. Sou um imperfeito careta de direita que viveu tranquilamente em meio ao desbunde.

É desta posição existencial, portanto, que assisto ao debate sobre a descriminalização do porte de maconha pelo STF, em quantidade a ser definida também pelo tribunal.

O argumento de que tem pobre indo para as masmorras brasileiras por ser usuário de maconha me parece frágil. Pobre vai para a cadeia porque é pobre. Se definirem que um cidadão pode ter consigo até 60 gramas de maconha, a polícia dará um jeito de dizer que o pobre estava com 70 gramas e vai colocá-lo em cana do mesmo jeito, na condição de traficante.

De qualquer forma, deve ter muito pouco pobre indo para a cadeia por causa de maconha. Por onde quer que se ande, você sente o cheiro de maconha e vê gente rica e pobre fumando baseado na rua, na praia, em jogo de futebol, em show e até em porta de missa, sem ser incomodada pela polícia — o mundo é dos maconheiros.

No julgamento sobre o tema no STF, fico com Luiz Fux, com quem divido o vício por belas mulheres. Fico na parte em que ele diz que não é papel do tribunal descriminalizar porte de maconha. É papel do parlamento.

“Não se pode desconsiderar as críticas em vozes mais ou menos nítidas e intensas de que o Poder Judiciário estaria se ocupando de atribuições próprias dos canais de legítima expressão da vontade popular”, afirmou Luiz Fux. E ele acrescentou:

“Nós não somos juízes eleitos. O Brasil não tem governo de juízes e é por isso que se afirma e se critica, com vozes intensas, o denominado ativismo judicial. Quando se acusa o Judiciário de se introjetar nas searas dos demais Poderes, isso para o Judiciário é uma preocupação cara e muito expressiva. Nós assistimos cotidianamente ao Poder Judiciário sendo listado a decidir questões para as quais não dispõe de capacidade institucional.”

Por fim, o ministro disse:

“Sempre digo: nós não temos que fazer pesquisa de opinião pública. Nós temos que aferir o sentimento constitucional do povo. Quanto mais as nossas decisões se aproximam do sentimento — não é opinião passageira — do sentimento constitucional do povo, mais efetividade terão as nossas decisões e as direções que as nossas soluções indicam. Essa prática tem exposto o Poder Judiciário, em especial o STF, ao protagonismo deletério, corroendo a credibilidade dos tribunais quando decidem questões permeadas por desacordos morais que deveriam ser decididas na arena política. É lá que tem que ser decidido, é lá que se tem que pagar o preço social. Não é que nós tenhamos receio, mas temos que ter deferência porque num estado democrático a instância maior é o parlamento.”

Luiz Fux está coberto de razão. Faço um adendo: o STF pode até ser provocado a se pronunciar, como vem sendo, mas o tribunal poderia rejeitar as provocações e dizer que não tem nada a ver com os diferentes assuntos que são da competência do Legislativo. Se aceita, é porque quer ter protagonismo, como se lhe coubesse suprir as “falhas” dos demais poderes. Usa do pretexto de que deputados e senadores não estariam cumprindo com o que manda a Constituição e arroga-se a função de legislar no lugar deles.

O poder político é o baseado do STF, e isso dopa a democracia brasileira.”

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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