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Descontentamento federal

Por Cláudio Prisco Paraíso
15/11/2024 - 16h00.Atualizada em 15/11/2024 - 15h45

O governador Jorginho Mello foi surpreendido, nesta semana, ao oferecer um almoço no Palácio Residencial para a bancada federal do PL.  Dos sete parlamentares, compareceram apenas três. A minoria, portanto.

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Lá estavam o senador Jorge Seif e os deputados federais Ricardo Guidi e Daniela Reinehr. Outros quatro não tomaram conhecimento do ágape oferecido por Jorginho. Tudo bem que Zé Trovão tem o seu estilo próprio, um cidadão mais irreverente, um parlamentar que oscila muito no seu humor e na sua atuação.

Mas outros três simplesmente não deram as caras, e de maneira absolutamente deliberada. Inicialmente, a recordista da eleição proporcional de 2022 e hoje presidente da poderosíssima Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Carol de Toni.  Também não marcaram presença Daniel Freitas e Júlia Zanatta.

Ruídos

Mas há algum incômodo de natureza administrativa em relação aos pleitos dos parlamentares federais junto ao Centro Administrativo?  Talvez.  Mas essa motivação é minoritária, ou não é prioritária nessa reação de ignorar o convite do governador.  

Pela imprensa

O que mais incomoda é a bancada não ser consultada e sequer comunicada das movimentações  na composição do governo.

Reações

O estilo personalista do chefe do Executivo estadual está gerando um certo constrangimento e uma forte contrariedade. 

Partícipes

O governador já tem o PP e o MDB no governo, que devem ampliar os espaços  a serem concedidos as duas siglas. Jorginho espera poder contar com progressistas e emedebistas no projeto de reeleição em 2026.  Mas a contrariedade dos liberais nem é porque o PL vai ter menos posições ou um número menor de espaços no primeiro  escalão.

Plateia

Até porque o governador já não os consultou, os deputados, na composição do governo. E, ao longo desses quase dois anos em remanejamentos e modificações, idem.  

Em família

As decisões estão muito concentradas na família do próprio governador. Nele, evidentemente, e nos dois filhos, Bruno e Felipe.  Por vezes alcançando o irmão, Juca Mello, que hoje é vice-presidente do Republicanos  no Estado, sigla presidida pelo deputado federal Jorge Goetten, que trocou o PL pelo Republicano pelas mãos de  Jorginho Mello.

Quantidade

O PL recuperou os seis representantes na Câmara com a chegada de Ricardo Guidi ao partido.  Agora o que ocorre é que, além das decisões se restringirem ao ambiente familiar, não  havendo aí uma participação dos parlamentares, há uma grande contrariedade pelo fato do  governador, por vezes em várias regiões, estar prestigiando mais Jorge Goetten do que os próprios  liberais.  

Juntos e reunidos

Tanto é que, no início desta semana, antes do almoço com os liberais, o governador participou de um evento patrocinado  pelo Republicanos, tendo à frente Jorge Goetten e Juca Mello, além do deputado estadual Sérgio Motta.

Climão

Mas o humor liberal, que não é nada favorável ao governador, não se restringe à bancada  federal. Alcança, também, o contexto estadual, onde os deputados também não estão sendo consultados  e nem comunicados. 

Persona non grata

Comenta-se, nos bastidores, que os estaduais do PL estão preparados para uma forte reação uma vez confirmada a nomeação do ainda prefeito de Balneário de Camboriú, Fabrício de Oliveira, na Secretaria de Turismo. 

Fora dessa

Tanto é que nenhum deles participou da campanha da “Dubai brasileira.” Até hoje, a bancada não absorveu o fato da candidatura  natural e favorita, a do deputado Carlos Humberto, ter sido barrada pelo governador em favor  do atual prefeito, que perdeu a eleição num projeto absolutamente personalista.

Oposição quer holofotes

Por Cláudio Prisco Paraíso
14/11/2024 - 21h23.Atualizada em 14/11/2024 - 21h24

O primeiro dia de atividades da Assembleia Itinerante, em Lages, nesta terça-feira,  foi extremamente animado durante a sessão ordinária.

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Os deputados de esquerda sustentaram a necessidade da instalação de uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito - para investigar supostas irregularidades no governo do Estado. 

Referem-se, evidentemente, a reportagem publicada pelo jornal O Globo, na semana passada, sobre telemedicina, que foi uma parceria estabelecida de forma preliminar pela administração estadual com uma empresa do Piauí.

Mas o contrato não foi assinado. Recursos de espécie alguma saíram dos cofres públicos. Com base na lei das estatais, foi viabilizada uma modelagem de parceria.

Algo ainda no princípio, mas que, uma vez assinado o contrato, poderia implicar em recursos  da ordem de quase R$ 700 milhões. O governo do estado, inclusive, decidiu suspender essa parceria.

Tanto essa quanto outras que estavam em andamento com a mesma modelagem.  Mas, convenhamos, envolvendo muitos recursos, isso foi conduzido de forma equivocada. Não teve a devida transparência, não foi cristalino o processo. 

Pela imprensa

A sociedade catarinense tomou conhecimento pela reportagem. Ou seja, o processo foi mal conduzido pelo governo. Registre-se, contudo, que, pelo menos, num recuo estratégico, a administração zerou tudo,  aguardando uma orientação tanto do Tribunal de Contas do Estado quanto do Ministério Público Estadual. Instituições que, aliás, já deveriam ter sido consultadas antes destas formalizações, antes destes encaminhamentos.

Derrapada

O governo errou, praticou um deslize, mas puxou o freio de arrumação. Perfeito. Daí nesse momento vem a esquerda querer CPI.

Dúvidas

CPI de quê? Pra quê? Estão querendo o terceiro turno, por acaso? Depois da sova que levaram nas urnas, onde em Santa Catarina apenas o PT elegeu prefeitos,  em número de sete. E todos em municípios pequenos. 

Zerados

Considerando-se as 295 prefeituras que estavam em disputa, nenhum outro partido canhoto elegeu sequer um prefeito. Nem PSOL, nem PCdoB, nem Rede, nem PV, nem PDT, nem ninguém. Agora querem uma CPI pra investigar o quê? Qual é o fato concreto? Qual é o fato determinante?  Ora, é tudo apenas politicagem.

Erro

Onde o governo errou? Claro que errou. Reconheceu o erro e recuou. Não que tenha praticado ilegalidade? Não se trata disso. 

Legal e moral

Não a praticou, a ilegalidade, mas sobre o aspecto da moralidade administrativa, que exige publicidade, transparência, a gestão atual pisou na bola. Uma vez alertado pelo jornal O Globo, o Centro Administrativo colocou ordem na casa. 

Lição

E  numa próxima vez a administração estadual tem que ter em mente que processos como esses,  mesmo que tenham dispensa de licitação, precisam ser pilotados de forma absolutamente transparente,  com a sociedade acompanhando o seu andamento, através dos veículos de comunicação. Simples assim.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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