Imagens de Nosso Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, chegadas em Tubarão em 1890
No próximo domingo, 17 de março, às 16 horas, acontece em Tubarão a 133ª Procissão de Nosso Senhor dos Passos. A conhecida Procissão do Encontro, promovida pela Catedral de Tubarão, deve reunir um grande número de fiéis.
:: Quer receber gratuitamente notícias por WhatsApp? Acesse aqui
A devoção gira em torno das belíssimas e históricas imagens de Nosso Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, chegadas em Tubarão em 1890, sendo a primeira procissão realizada em 22 de março de 1891.
Independentemente da religião, a Procissão de Nosso Senhor do Passos e a Procissão do Senhor Morto, bem como a Festa de Nossa Senhora da Piedade, são declaradas Patrimônio Imaterial, Cultural e Intangível do município de Tubarão e estão incluídas no calendário de eventos oficiais da cidade.
Em 27 de junho de 2022, entrou em vigor a lei ordinária 132/2022, que concedeu a condição de patrimônio às três manifestações religiosas.
Contudo, a tradição da procissão com a imagem de Nosso Senhor dos Passos, surgiu muito tempo antes, sobretudo, na região de Portugal e Espanha. Segundo o padre Eduardo Rocha, pároco da Catedral de Tubarão, é uma tradição muito comum até hoje nesses dois países e que chegou ao Brasil por meio dos imigrantes, sobretudo os portugueses. “Os imigrantes portugueses trouxeram a tradição e imagens, despertando a devoção em regiões catarinenses, como Tubarão, Laguna, Imaruí, Imbituba, Jaguaruna, Florianópolis, Governador Celso Ramos, entre outras cidades do litoral”, contextualiza.
Padre Eduardo explica que o Senhor dos Passos retrata uma das quedas de Jesus durante o caminho do Calvário, que não está narrada na Sagrada Escritura, mas faz parte da tradição.
“Nós entendemos que vários elementos da vida de Jesus não foram compilados, não estão presentes na Sagrada Escritura, porque a própria Sagrada Escritura é fruto de uma tradição. Então, a tradição não foi toda absorvida no livro. Existem elementos que transcendem o próprio livro”, pontua.
Segundo a palavra oral, Jesus tombou algumas vezes no caminho em direção ao calvário. “A imagem de Nosso Senhor dos Passos, então, retrata Jesus que está no chão ajoelhado, porque foi o momento da queda, do tombo, segurando o madeiro. É um momento de aflição, de dor, mais ao mesmo tempo se percebe a presença de Jesus que fez aquele sacrifício por todos nós. A presença de Nossa Senhora da Dores também é parte dessa devoção popular”, conta Padre Eduardo.
Em Tubarão, uma imagem sai de Oficinas e as duas imagens se encontram em frente à Catedral. Padre Eduardo explica o que esse ato representa:
“Segundo a tradição, no trajeto que Jesus fez até fora da cidade onde foi crucificado, encontrou com sua mãe e há o momento daquela profecia de Simeão que está na Sagrada Escritura, que diz que uma espada de dor haveria de transpassar o coração de Maria, a dor da mãe que vê o filho naquela condição, a humilhação, a tortura e a cruz. Então, ao mesmo tempo, a imagem de Nosso Senhor dos Passos mostra a queda de Jesus e o encontro da mãe aflita, da mãe das dores, porque ela sente a dor da mãe diante daquela cena do filho padecendo e a espada que transpassa sua alma é uma espada de dor e por isso chamamos de procissão do encontro, o encontro da aflita mãe com seu filho, no caminho do calvário.
Mais de 100 anos de tradição
Em Tubarão, essa tradição completará no próximo dia 22 de março, 133 anos. As duas imagens são históricas. A do Senhor dos Passos, neste ano, precisou de alguns restauros realizados em um laboratório especializado.
“É uma devoção muito forte na cidade de Tubarão, porque, de alguma forma, a cena retrata a dor de tantas pessoas. Seja a dor de Jesus e a dor do justo, que leva sobre si os pecados as dores da humanidade, mas também de tantas pessoas justas que sofrem, que padecem. Então, há um reconhecimento da condição humana, do sofrimento em relação a Jesus, mas também em Nossa Senhora, que representa tantas mães que padecem, que sofrem por conta de seus filhos na prostituição, nas drogas, no desvio”, compara Padre Eduardo, ao acrescentar que a quaresma é o tempo em que a Igreja se prepara para a maior e mais especial de todas as semanas: a Semana Santa.