Outras 34 substâncias que ameaçam a vida aquática no local foram encontradas
Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) apontou que a água da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está contaminada por cocaína.
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Os pesquisadores ressaltam ainda que a quantidade está entre as maiores registradas no mundo.
Publicado na revista Science of the Total Environment, o estudo lista 35 substâncias que ameaçam a vida aquática no local.
As amostras foram coletadas por um laboratório parceiro de Microbiologia Molecular Aplicada durante o período de dezembro de 2022 e fevereiro de 2023.
O artigo relata que os pesquisadores identificaram na água a benzoilecgonina, o principal metabólito da cocaína, e a própria cocaína em amostras de água, sedimentos e biota na Lagoa da Conceição.
Além da cocaína, os pesquisadores encontraram cafeína, diferentes tipos de medicamentos antibióticos e analgésicos na Lagoa.
De acordo com os pesquisadores, essas substâncias foram identificadas em 63% das amostras analisadas, o que sugere uma presença significativa e consistente no ambiente.
A presença da cocaína e das outras substâncias foram confirmadas por diferentes testes.
Conforme a Ufsc, as concentrações mais elevadas de substâncias contaminantes estavam localizadas na área próxima à estação de tratamento da LEI (Lagoa de EvapoInfiltração) — sistema que permite que a água tratada volte para o meio ambiente — da companhia de saneamento.
A mesma equipe da Ufsc trabalha em um estudo que relata a presença de cocaína e outras drogas ilícitas em águas costeiras do Brasil, incluindo em tubarões da Bacia de Santos, o que indica a contaminação em diversos níveis do ecossistema.
No entanto, a professora Silvani Verruck, líder do estudo e que integra o departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Ufsc, ressalta que a quantidade de cocaína encontrada na Lagoa da Conceição chamou atenção.
As amostras foram coletadas em pontos estratégicos da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, considerando áreas próximas à estação de tratamento de esgoto, às áreas urbanizadas e às regiões de maior biodiversidade.
A pesquisa teve colaboração do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) e foi financiada pela Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina).