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Tubarões da noite: superação movida por sonhos

Profissionais que trabalham durante a madrugada driblam cansaço com otimismo por metas pessoais

Por Redação
24/12/2025 - 17h22
Patrick, Mayara e Virgínia - Fotos: Joyce Santos

Enquanto a cidade adormece e o silêncio toma conta das ruas, em uma das avenidas mais movimentadas de Tubarão, a rotina segue acesa dentro de uma conveniência de posto de combustíveis. Ali, três trabalhadores encaram o desafio de quebrar uma lei natural do descanso noturno em nome de um objetivo maior. 

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Patrick Barcelos, Mayara Martins e Virgínia Camacho compartilham com a Revista Única as curiosidades, desafios e aprendizados que a madrugada reserva a quem escolhe — ou precisa — viver do outro lado do relógio. A experiência de trabalhar à noite tem sido um importante degrau para o jovem Patrick Barcelos, de 21 anos. Natural do Espírito Santo, ele se mudou para Tubarão há dois anos para cursar Enfermagem e garantir, por meio do trabalho na conveniência, a sustentação financeira dos estudos.

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“Eu já tive uma experiência de trabalhar em hospital, lá onde morava, porque desde cedo eu sabia que queria cuidar de pessoas. Também trabalhava durante a noite, e provavelmente isso poderá voltar a ocorrer quando eu for atuar novamente nesta área. Tem que ter foco — o trabalho noturno exige cuidados para evitar o cansaço extremo”, relembra.

Enquanto se prepara para o futuro na área da saúde, Patrick exercita diariamente uma habilidade que considera essencial: lidar com o público. “Sempre busco pensar positivamente e enxergar as vivências favoráveis para o meu crescimento. Para mim é uma oportunidade de manter os estudos e, ao mesmo tempo, aprender outras lições que me ajudam a encarar uma rotina intensa”, reflete.

Firmeza e foco em cada madrugada

Com apenas 24 anos, Mayara Luís Pereira Martins demonstra maturidade e um comprometimento que impressionam. Há dois anos trabalhando no turno noturno, ela se tornou uma referência para os colegas. “Eu trabalho neste horário há mais tempo que os demais da equipe. Pude repassar alguns procedimentos que para mim já viraram rotina. E manter a educação sem abrir mão do respeito foi um dos pontos mais importantes que aprendi à noite e procurei transmitir”, comenta.

Mayara já foi casada por sete anos e, hoje, vive um novo momento, mais centrado em seus planos pessoais. “Algumas situações exigem paciência — há clientes que tentam ultrapassar uma intimidade que não tem motivo para existir. Procuro ser atenciosa, mas sem abrir mão da postura de respeito. Tenho os meus planos, que prefiro guardar para mim, e isso me move. Nosso trabalho impede de estar em ocasiões especiais com a família, mas faz parte da escolha”, afirma.

Determinada, ela chegou a conciliar dois empregos — o noturno na conveniência e outro diurno — por um período. “Eu saía daqui às 6h e às 7h30 já estava iniciando outro expediente. Ficou muito cansativo e depois de um tempo preferi seguir apenas por aqui”, recorda.

Entre o trabalho e a família

A venezuelana Virgínia José Caraballo Camacho, de 28 anos, conhece bem o esforço de quem se divide entre diferentes jornadas. Mãe de dois filhos, veio ao Brasil em busca de melhores oportunidades ao lado do marido. “As crianças precisam de atenção, então, quando estou em casa, sigo trabalhando. Sou um ponto de apoio para todos na família. Se minha mãe precisa ir a uma consulta, eu acompanho. Quando venho trabalhar, as crianças ficam com meu marido, e minha mãe ajuda com os cuidados. Mas quando chego em casa descanso pouco, não consigo deixar de fazer as tarefas domésticas”, conta.

Mesmo com a rotina intensa, Virgínia vê no trabalho noturno uma oportunidade que não poderia desperdiçar. “Se surgir uma vaga de dia, penso que seria melhor, mas por enquanto vejo os pontos positivos — os ganhos adicionais compensam”, diz.

A madrugada e seus personagens

No turno em que o sono domina a maioria, o trio se acostumou a lidar com os mais variados tipos de clientes. “Tem gente que chega mais séria, outros bem-humorados, e alguns mais animados após beberem. Se o comportamento passa do limite, avisamos que não pode haver bagunça. Caso não sejamos levados a sério, temos a opção de chamar a polícia”, relata Virgínia.

Por ser estrangeira, ela também aprendeu a se defender com firmeza e bom humor. “Quando me perguntam se sou venezuelana, já questiono o motivo. Não é por mal, mas há quem julgue sem conhecer. Então prefiro me posicionar — com educação”, diverte-se.

Vidas que seguem acesas

Patrick, Mayara e Virgínia representam uma parte da cidade que se mantém desperta para que tudo funcione quando o dia voltar a nascer. Entre o silêncio da madrugada e a luz do amanhecer, carregam histórias de determinação, aprendizado e superação — lembrando que, enquanto uns descansam, outros mantêm o mundo girando.

* Matéria publicada na edição de Novembro/Dezembro de 2025 - Texto: Joyce Santos - Edição: Fabiano Bordignon.

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