Avô tentou impedir e também foi ferido
Um homem de 42 anos foi preso em flagrante suspeito de matar o próprio sobrinho, de 10 anos, a facadas, em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
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Segundo a Polícia Civil, o menino tinha Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O crime ocorreu em uma casa no bairro Igra Norte, onde também estava o avô do menino, pai do homem levado preso.
O avô, de 69 anos, estava na área externa da residência quando ouviu gritos. Ao entrar na casa, avistou o filho desferindo golpes de faca no pescoço do neto.
Ainda de acordo com o relato do idoso, ele tentou salvar a criança do ataque, e por isso também ficou ferido. O avô precisou ser encaminhado para atendimento médico após ser atingido na mão, mas já recebeu alta.
O homem suspeito era considerado desaparecido desde 26 de novembro de 2019. Na ocasião, ele teria fugido do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, onde estava internado. Informações preliminares revelam que ele faz uso de medicamentos controlados e é esquizofrênico.
Entenda como o crime foi cometido
A Brigada Militar (BM) informou que uma vizinha acionou os agentes por volta das 16h40, dizendo que um tio tentava matar o sobrinho. Quando chegou ao local, a equipe encontrou o menino caído na sala, o idoso ferido e homem que é apontado como o autor do crime.
O suspeito não obedeceu às ordens dos policiais, então precisou ser imobilizado com auxílio de uma arma de choque. Ele foi preso pela BM em seguida, que isolou a área para os trabalhos do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
A Polícia Civil investiga o caso, por meio da Delegacia de Polícia de Torres. De acordo com o delegado Marcos Vinicius Veloso, que comanda a investigação, a apuração inicial da polícia mostra que o homem não apresentava comportamento violento no dia do crime.
— Há um laudo médico anterior atestando que ele é esquizofrênico. Tentamos conversar, mas ele não respondeu [sobre a motivação do crime]. Fica difícil comprovar alguma motivação neste caso: simplesmente pegou uma faca e passou no pescoço da criança — afirma o delegado.
O depoimento do avô
O avô do menino já prestou depoimento, e outras pessoas da família devem ser ouvidas para facilitar a compreensão da dinâmica do crime. De acordo com o delegado, o homem possui registros na polícia por lesão corporal e dano ao patrimônio público.
— Para fins de indiciamento, essa doença mental [esquizofrenia] não será verificada, pois não há um laudo do Estado atestando isso. Temos 10 dias para remeter o inquérito e, na nossa visão, não há tempo hábil para ele ser submetido a uma avaliação psicológica. Vamos finalizar o inquérito como se ele tivesse plena consciência do que estava fazendo — pontua.
Ainda assim, Veloso disse que pediu à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) uma análise da condição mental do preso.
Caso a avaliação do Estado seja feita a atempo, o resultado pode ser considerado no inquérito. Caso isso não ocorra, uma avaliação do preso pode ser feita durante o processo.
Se ele for condenado, o laudo psicológico pode mudar a pena e onde ela será cumprida.
O indiciamento deve ocorrer por homicídio doloso, de acordo com o delegado. O homem está detido na Penitenciária Modulada Estadual de Osório, também no Litoral Norte.