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A ideia da semana de trabalho de quatro dias costumava ser um sonho impossível, raramente no radar da maioria das empresas e dos profissionais.
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Mas, com a pandemia de Covid-19, muitas companhias em todo o mundo fizeram essa tentativa – e os resultados foram promissores.
Nos Estados Unidos e na Irlanda, um teste de seis meses entre 33 empresas voluntárias em 2022 demonstrou impacto positivo sobre o desempenho, a produtividade e o bem-estar dos funcionários.
Os profissionais que tiveram sua jornada semanal reduzida relataram menos estresse e fadiga e maior satisfação e equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. As 27 empresas que apresentaram a pesquisa final deram nota nove ao teste, de um máximo de 10.
Testes similares na Bélgica, Espanha, Japão, Austrália e Nova Zelândia tiveram resultados igualmente promissores para as empresas. E os funcionários parecem particularmente dispostos a fazer com que as semanas de trabalho mais curtas se tornem o padrão – o que não é nenhuma surpresa.
Mas, apesar dos dados majoritariamente positivos, a semana de trabalho de quatro dias ainda parece fora do alcance de muitos trabalhadores.
Profissionais da área de tecnologia, empregados em empresas ágeis e mais inovadoras, podem esperar por esse tipo de benefício em um futuro próximo, mas é mais difícil imaginar a mesma mudança para, por exemplo, professores escolares ou funcionários de companhias mais tradicionais.
Afinal, as culturas de trabalho profundamente enraizadas em alguns setores tornam a semana de trabalho de quatro dias pouco realista para todos os profissionais, pelo menos por enquanto.
Encontrar a adequação correta
Até agora, os setores de tecnologia e os escritórios foram os responsáveis pelos maiores avanços rumo à redução da jornada de trabalho.
"Realmente, isso está decolando como uma tendência notável em áreas como a de tecnologia, software, ICT [tecnologia de comunicação via internet, na sigla em inglês], serviços financeiros e profissionais – cargos baseados em conhecimento que costumavam ser principalmente exercidos em escritórios, mas que agora, em muitos casos, são híbridos ou remotos", afirma Joe O’Connor, diretor e um dos fundadores do Centro de Excelência para a Redução do Tempo de Trabalho, em Toronto, no Canadá.
Embora a mentalidade de agilidade e inovação muitas vezes seja característica dessas empresas, elas também têm vantagens em termos de soluções fáceis e rápidas.
Medidas como "dias sem reuniões" podem permitir que os funcionários se concentrem unicamente na produtividade e reduzam radicalmente as horas trabalhadas, mantendo o mesmo rendimento – o que é muito mais fácil em organizações flexíveis.
Em outros setores, é possível reduzir a semana de trabalho, mas é preciso repensar normas estabelecidas há muito tempo.
O setor jurídico e de consultoria, por exemplo, muitas vezes é organizado em torno do conceito de cobrança por hora. Por isso, menos trabalho implica automaticamente em menos receita. Mas O’Connor acredita que essa cultura pode mudar.
"Estamos começando a ver exemplos de empresas de advocacia migrando para semanas de quatro dias, deixando de cobrar por hora e sim por valor de projeto", afirma ele.
Fonte: G1