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Mãe de vítima do acidente da Voepass fala a Única sobre decisão da Anac

Mãe de uma das vítimas, Adriana Ibba afirma que péssimas condições das aeronaves era de conhecimento da própria tripulação

Por Joyce Santos
12/03/2025 - 08h41
A jornalista Adriana Ibba, com a filha Liz Ibba dos Santos, vítima do acidente da Voepass - Foto: Arquivo Pessoal/Revista Única

Após sete meses de busca incessante por respostas para inúmeros questionamentos, os familiares das vítimas da queda do avião da Voepass, que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), em agosto de 2024, puderam vivenciar uma ação consistente. 

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A suspensão da operação total da empresa no Brasil, definida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), é recebida pelos parentes das vítimas com alívio.

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“Meus olhos já nem desincham mais de tanto que choro. Desde que perdi minha filha Liz, todas as informações que chegam são estarrecedoras em relação à negligência às inúmeras vidas que voaram pela companhia", protesta.

Adriana Ibba , que morou alguns anos em Tubarão, e trabalhou na assessoria de comunicação da Câmara de Veredores de Capivari de Baixo, confessa que, ao receber a notícia da decisão da Anac, deferida na última terça-feira, 11 de março, ficou perplexa.

"A companhia aérea fala sobre 'perda imensurável para os brasileiros com a suspensão', como se houvesse perda maior do que as vidas ceifadas na tragédia de agosto passado”, pontua.

A jornalista é mãe da menina de três anos, Liz Ibba dos Santos, que viajava com o pai quando perdeu a vida no acidente

Adriana afirma que na associação de familiares das vítimas, com 140 componentes, há também parentes dos quatro membros da tripulação.

"Tudo que começou a aparecer sobre as péssimas condições das aeronaves ficou ainda mais doloroso de absorver com o relato de familiares de tripulantes. Eles afirmam que tinham conhecimento da situação", revela.

Contudo, segundo Adriana, eles não denunciavam a empresa por receio de perder o emprego.

"No início foi difícil de lidar com essas informações, mas eu preferi não criar discórdia, pois tudo já é muito dolorido", detalha a jornalista. 

Situações alarmantes, como peças de aviões que eram encaminhadas para conserto em retífica de automóveis, são apontadas por Adriana.

"Tivemos conhecimento que isso ocorria. Quando o dono da oficina descobriu, ele demonstrou indignação e passou a negar o serviço", pontua a mãe da pequena Liz. 

No último domingo os integrantes da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 2283 ainda realizaram um evento, com caminhada, culto ecumênico e soltura de balões brancos, em memória das 62 vidas perdidas. O encontro foi em Cascavel, no Paraná.

O grupo divulgou uma nota oficial sobre a decisão da Anac. 

Confira a íntegra da Nota Oficial:

A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 2283 – VoePass recebe a notícia de suspensão, por meio da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), da operação aérea com um misto de sensações.

De acordo com o Agência Reguladora, desde o acidente aéreo, restaram implantadas operações com a finalidade de fiscalizar os procedimentos da companhia aérea e, assim, restou constado que a empresa não obteve êxito em “solucionar irregularidades identificadas”. 

Ademais, de forma, ainda mais relevante, a Agência informa que a medida de suspensão restou necessária para que a companhia aérea comprove “sua capacidade de garantir o nível de segurança previsto nos regulamentos vigentes”. Impossível que, com essa decisão e essas afirmações, nossos questionamentos não ganhem ainda mais força. 

Indignação, raiva, incompreensões, mas, igualmente, alívio pela decisão da Agência Reguladora em suspender as operações da companhia aérea, considerando, neste momento, as evidenciadas dificuldades em “solucionar irregularidades identificadas” e, principalmente, a “sua capacidade de garantir o nível de segurança previsto nos regulamentos vigentes”.

Alívio no sentido de que essa medida, inicialmente, nos assegura, ainda de modo temerário, que outras famílias não sentirão o que vivemos desde o dia 09 de agosto. 

Na data de hoje ecoa em nossos pensamentos e corações o fato de ser lastimável que restou necessário a perda dos nossos familiares para que medidas, assim, excepcionais e imprescindíveis, fossem tomadas, para garantir a segurança, que nossos familiares não tiveram, da sociedade. Sabemos que uma decisão, que contém consequências e impactos gerais, como essa, não é tomada sem um embalsamento probatório concreto das irregularidades apontamos.

Reafirmamos a nossa crença de que as respostas para todos nossos questionamentos aparecerão, no tempo certo e da forma correta. Nossa luta é diária, por eles, por nós e pela sociedade, para que acidentes, assim, sejam evitadas.

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