Embora a expressão “vender seu olho” seja figurada, não menos do que meio milhão de brasileiros já o fizeram em troca de algo em trono de R$ 500 em criptomoeda, à Worldcoin (WLD).
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Estima-se que, ao redor do mundo, pelo menos 5 milhões de pessoas já tenham participado do projeto. O “olho” em questão não é o órgão humano propriamente dito, mas sim, o escaneamento da biometria da íris.
O projeto World ID, liderado por Sam Altman, CEO da OpenAI (criadora do ChatGPT), tem como objetivo criar um sistema global de identificação capaz de distinguir humanos de inteligências artificiais. Em um futuro onde a IA pode dominar ainda mais, essa diferenciação se tornaria essencial.
Se hoje já é difícil, com o avanço exponencial da inteligência artificial, pode se tornar impossível distinguir o que é realidade ou criação virtual. Atualmente, é possível imitar imagem, voz e até movimentos em vídeos falsificados (“deepfakes”) gerados por IA, aumentando os desafios na autenticação de identidades online.
Prova de humanidade
O conceito de prova de humanidade poderia trazer inúmeros benefícios, uma vez que a biometria da íris é única e imutável. Essa característica permitiria a criação de um passaporte digital para garantir acesso seguro a serviços online, distinguindo humanos de robôs em situações como abertura de contas bancárias e compras na internet, por exemplo.
Como funciona o sistema?
- Escaneamento da íris:
O processo ocorre por meio do Orb, um dispositivo desenvolvido pela Tools for Humanity, que captura a biometria da íris em altíssima resolução.
- Criação do Identificador Digital:
A imagem da íris é convertida em um código matemático criptografado e registrada na blockchain do World ID.
- Uso da Identidade Digital:
O usuário pode então utilizar essa prova de humanidade para acessar serviços online, sem necessidade de fornecer dados sensíveis como CPF ou e-mail.
O que pode dar errado?
Se, por um lado, essa tecnologia pode provar nossa humanidade, por outro, ela também pode trazer consequências perigosas caso caia em mãos erradas. Entre os riscos estão:
- Fraudes e crimes virtuais:
Dados biométricos podem ser usados para roubo de identidade.
- Controle social:
Em regimes autoritários, essa tecnologia poderia ser utilizada para monitoramento e vigilância extrema.
- Vazamento de dados:
Uma vez que a biometria é imutável, caso ocorra um vazamento, não há como alterá-la como fazemos com uma senha ou documento.
A pergunta que fica é: como provaremos nossa humanidade em um mundo onde será impossível distinguir entre máquinas e humanos? E, mais do que isso: o que aconteceria se nossa característica única e imutável viesse a cair em mãos erradas?
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