Os deputados federais do PL, Gustavo Gayer, de Goiás, e Níkolas Ferreira, de Minas Gerais, empunharam uma bandeira e deflagraram uma campanha, evidenciando a postura política do PSD, um partido muito curioso, que lembra um pouco o PFL, que era conhecido como a sigla perseguida pelo poder. Pecha que vinha em forma de ironia, evidentemente. Os pefelistas estavam onda havia governo. Ponto.
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Isso ocorreu ao longo da segunda metade da década de 1980, mas, especialmente, nos anos 1990.
Gilberto Kassab, atual presidente do PSD é originário do velho PFL, partido que virou Democratas. Trata-se de um cidadão com uma ficha corrida extensa. Inclusive figurou nas planilhas da Odebrecht e de tantas outras situações. Investigações não faltavam envolvendo Gilberto Kassab, que, a exemplo do PFL, transformou o seu PSD em um partido potencialmente governista.
Governismo puro
Senão vejamos. No governo Lula, a legenda ocupa três ministérios. Ou seja, em Brasília o PSD é PT. Já em São Paulo o próprio Kassab é secretário do governo de Tarcísio de Freitas. O governador é filiado ao Republicanos, mas o vice é do PSD. O partido está muito alojado em várias posições na administração paulista.
Três níveis
Se olharmos a Prefeitura de São Paulo, o PSD apoia, Ricardo Nunes, do MDB, e tem direito a várias secretarias na administração da Capital. Ou seja, é um partido oportunista.
Musculatura virtual
Kassab é um chefão com fama de mafioso. No entanto, é forçoso reconhecer que é um exímio articulador político. Ocorre que agora, diante desse viés potencial e essencialmente oportunista, ele pegou pela frente dois deputados com muita força nas redes sociais. A campanha anti-55 está fazendo com que outros influenciadores se engajem pregando o voto contra pessedistas para prefeito e para vereador.
Pedra no sapato
É evidente que isso não vai pegar em todo o território nacional. Não será um levante do tipo arrasa-quarteirão. Mas atrapalha, incomoda. Tanto que, em Santa Catarina, a principal liderança do PSD, o prefeito João Rodrigues, de Chapecó, gravou um vídeo.
Bla bla blá
Na peça, o oestino tenta contestar a ofensiva contra seu partido. Usa argumentos absolutamente insustentáveis, querendo rememorar o tempo de Waldemar da Costa Neto, que é o atual presidente nacional do PL. Rodrigues volta aos tempos do antigo PR, que era ligado ao PT. Tempos nos quais a esmagadora maioria dos líderes conservadores atuais sequer pensava em ter mandato eletivo.
Adido da ditadura
Em outra lorota, o prefeito de Chapecó alega que 22 deputados federais do PL não assinaram o impeachment de Alexandre de Moraes. Misturou alhos e bugalhos o prefeito de Chapecó. Quem vai definir sobre impeachment são os senadores. Esse é o eixo da questão.
Irmanados
Aliás, dois senadores do PSD já se posicionaram contrários ao impeachment e outros doze não se manifestaram, estão em cima do muro, tucanaram. Para alegria do consórcio ditatorial.
Conversa mole
Em outra falácia, João Rodrigues argumentou que não tem nenhum senador de Santa Catarina do PSD. Que todos são de outros estados. Só não disse que quando vai a Brasília ou a São Paulo, ele invariavelmente pede a bênção de Kassab.
Ah, tá
É nesse contexto, nessa realidade, que o prefeito de Chapecó insistente em manter um papinho de discurso bolsonarista. Mas ele não engana mais ninguém.
Nada consta
Não custa perguntar. Alguém acompanhou alguma agenda, viu foto ou vídeo dos dois, Jair Bolsonaro e João Rodrigues, durante a campanha eleitoral? Nas últimas vindas de Bolsonaro ao Estado, ele sequer manteve um contato com João Rodrigues.
Alô, João
Na última vez que visitou o Oeste, também é interessante rememorar, o ex-presidente mandou um recadaço a João Rodrigues, outrora também conhecido como João verdade.
Liberal
Bolsonaro deseja que o hoje pessedista seja candidato ao Senado. Só que pelo PL na chapa liderada por Jorginho Mello. Traduzindo. O líder conservador já cortou as asinhas do catarinense, que sonha em disputar a Câmara Alta pelo PSD, sigla que está atravessada na garganta de Jair Bolsonaro.
Sentimento
O PSD, registre-se, também está na mira de boa parte do PL e de lideranças conservadoras, porque Kassab já declarou que não é nem de esquerda e nem de direita, ele é de centro.
Confissão
Admitiu, portanto, que é um baita de um aproveitador, assim como boa parte das lideranças pessedistas de Santa Catarina, que já vão sentir nas urnas desse ano o resultado do DNA fisiológico.
Duas frentes
João Rodrigues deve ser reeleito em Chapecó; Juliana Pavan vencerá em Balneário Camboriú. Ali, o cenário a favoreceu em função de uma situação nacional de solicitação para que o deputado Carlos Humberto não viesse a ser o candidato e que o prefeito Fabrício de Oliveira, em fim de mandato, indicasse o candidato à sua sucessão. Isso fez com que o PL desprezasse a prefeitura de Balneário Camboriú, que caiu no colo do PSD.
A contagem é mais do que regressiva. Estamos a menos de duas semanas das eleições de 6 de outubro.
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Não existem mais aquelas campanhas com showmício, grandes concentrações, mobilizações que estremeciam as cidades.
Pertence ao passado. Hoje são caminhadas, carreatas, passeatas, e o corpo-a-corpo, além, evidentemente, dos últimos dez dias da campanha eleitoral gratuita de rádio e televisão.
O que poderia ocorrer nessa reta final foi registrado na semana passada, com a vinda ao Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro, indiscutivelmente o maior eleitor catarinense.
Claro que partidos adversários e porta-vozes credenciados procuraram gorar a visita de Bolsonaro, vaticinando que seria uma incursão esvaziada, apenas restrita a Balneário Camboriú e Criciúma, diferentemente do que vínhamos assinalando neste espaço já há semanas.
Hepta
No fim das contas, Jair Bolsonaro peregrinou por sete municípios. Começou por Navegantes, onde desembarcou, fez ali uma carreata. Atravessou de balsa e foi a Itajaí, deslocando-se depois para Balneário Camboriú, onde inclusive teve um evento à noite. Registre-se, evento esvaziado.
Pulou fora
Esvaziamento que teria incomodado o ex-presidente da República. Tanto é que ele encurtou a programação em Balneário Camboriú, que previa, na sexta-feira, uma série de atividades matinais e até um almoço. No início da tarde, ocorreria o deslocamento para o Sul do estado.
Erro histórico
Mas, efetivamente a situação de Balneário Camboriú é para lá de periclitante, uma vez que o PL jogou a eleição fora, já que o favorito e nome natural do partido era o deputado estadual Carlos Humberto. O parlamentar foi alijado do processo.
Porta-voz
Foi o próprio Bolsonaro que comunicou a Jorginho Mello o desejo da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de que o candidato fosse escolhido pelo prefeito Fabrício de Oliveira, em fim de mandato. Uma articulação que passou pela Igreja Embaixada do Reino de Deus, cujo líder local falou com o Silas Malafaia em São Paulo.
Sem cacoete
Registre-se que há algumas figuras que são bons e destacados pregadores, mas como articuladores políticos são verdadeiros desastres.
Burros n’água
Deu no que deu. Inventaram e se deram mal. Ou seja, Peter Lee Grando, o ungido do prefeito, não emplacou. Juliana Pavan vai ganhar a eleição no balneário mais badalado do Sul com relativa facilidade. E apoiada por Carlos Humberto. Esse é o quadro na dubai brasileira.
Bronca
Foi notória a insatisfação do ex-presidente que saiu sexta de manhã rumo a Itapema. Ali, pediu em favor do candidato Alexandre Xepa, do PL. Na sequência, Bolsonaro foi a Palhoça, onde fez uma rápida concentração com o prefeito Eduardo Freccia, também do PL, candidato à reeleição.
Sulistas
Da Grande Florianópolis, ele rumou para Tubarão. Na Cidade Azul, houve grande mobilização em torno da candidatura do deputado estadual e favoritíssimo, Estêner Soratto Filho. A conclusão do roteiro foi em Criciúma com um ato prestigiadíssimo no período noturno.
Esticou
Jair Bolsonaro pernoitou em Criciúma. No sábado pela manhã, circulou pela cidade. No final das contas, foi o envolvimento mais assertivo do ex-presidente em favor de uma candidatura, no caso a de Ricardo Guidi. A expectativa é que a presença do líder conservador surta efeito em favor da candidatura do PL na maior cidade do Sul.
Mobilidade
Bolsonaro deixou Santa Catarina no sábado, no meio da tarde. Havia uma previsão dele ir a São José, mas pegou trânsito e foi direto embarcar em Florianópolis.
A imagem
Na sexta-feira, contudo, Jorginho Mello conseguiu viabilizar um encontro dele com Adeliana Dal Pont. Houve um abraço afetuoso e uma gravação dele, que resultou num vídeo que já está nas redes sociais. Michelle Bolsonaro, que já havia se encontrado com Adeliana, também pede por ela; e o próprio Bolsonaro, na presença apenas de Jorginho Mello.
Influência
Ou seja, eleições que estavam um pouco apertadas para o PL como as de São José, de Palhoça e de Criciúma poderão, eventualmente, ganhar um fôlego com a passagem de Bolsonaro.
Fatura
Balneário Camboriú, contudo, pelo visto, não terá jeito. Mas também representou um algo mais para o PL a passagem, que não estava na previsão, por Navegantes e por Itapema. O partido pode faturar essas duas cidades.
Cidade portuária
Em Itajaí, onde Robison Coelho, o candidato liberal, já está com uma situação consolidada, o apoio de Bolsonaro foi mais uma pá-de-cal em relação às candidaturas adversárias.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.