A eleição em Florianópolis encontra-se numa situação extremamente confortável para a candidatura à reeleição do prefeito Topázio Silveira Neto (PSD).
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Num primeiro momento, houve preocupação, na medida em que Gean Loureiro conseguiu levar o União Brasil para a coligação de Dário Berger (PSDB), aumentando, inclusive, um pouco mais o tempo de televisão, que era pequeno, do candidato tucano.
Sem falar na condição de Gean, o principal eleitor da cidade. Foi reeleito prefeito da Capital no primeiro turno de 2020. Isso tudo repercutiu tanto, a ponto de preocupar o candidato Topázio, que já tinha muito tempo de televisão, mas queria ampliá-lo e também restringir ainda mais o espaço do adversário direto, um ex-prefeito de dois mandatos, que está sendo apoiado por outro ex-prefeito de dois mandatos.
O atual alcaide, a seu turno, disputa a primeira eleição. Em 2020, na sua estreia como político, ficou como a coadjuvante de Gean Loureiro.
Agora, com a campanha já caminhando para o fim, se observa que Topázio Silveira Neto vem se saindo muito bem como candidato, com contornos de empatia e de carisma.
Bem na foto
E sua administração também tem sido bem avaliada pelo florianopolitano, que não gostou da atitude de Gean, de dar as costas a Topázio, apoiando quem tentou derrotá-lo na eleição passada. Há quatro anos, o então senador Dário Berger respaldou a arquirrival Angela Amin.
Quarteto
Se apreciarmos o leque de candidaturas, e ficaremos só nas principais, na Capital, além de Topázio, o candidato governista, naturalmente, temos aí quatro candidaturas oposicionistas de maior desenvoltura. O próprio Dario e Pedrão.
Biruta de aeroporto
Dario estava no PSB, socialista, apoiou Lula como candidato à reeleição ao Senado em 2022, chegando em terceiro lugar. Mas ele nunca foi de esquerda, já passou por seis partidos diferentes. A verdade é que ele e Pedrão circulam na mesma faixa eleitoral, sendo também a de Topázio, ou seja, na centro-direita. São três candidaturas nesse espectro ideológico, mas duas da oposição.
Canhotos
À esquerda, ideologicamente falando, há outras duas candidaturas, a do deputado Marquito Abreu, do PSOL, e a de Lela, Farias, do PT. A falta de unidade entre os candidatos canhotos facilitou a vida de Topázio Silveira Neto. Se Marquito e Lela tivessem juntos, a esquerda estaria mais fortalecida.
Dividindo o bolo
Da mesma maneira, caso Pedrão e Dario estivessem igualmente fechados, poderiam estar com um desempenho melhor. E não há regra fixa que indique que quanto maior o número de candidatos, melhor para provocar o segundo turno. Não é necessariamente assim.
Voto vencedor
Se o eleitor observa um quadro de pulverização, Dario e Pedrão numa extremidade, Lela e Marquito na outra, pode acabar optando pelo candidato à reeleição. Historicamente, existe aquela cultura de que o eleitor não gosta de jogar voto fora, lhe agrada votar em quem “vai ganhar.”
Diluição
Caso houvesse apenas duas em vez de quatro candidaturas, talvez a disputa estivesse mais competitiva e não tão favorável como está para o prefeito Topázio Silveira Neto.
Sem aposta
Do lado da esquerda, ainda há um aspecto a mais. O PT tem 13 candidatos nas capitais. Das 26, vamos tirar Brasília, Distrito Federal, o PT lançou candidatos na metade. Dos 13, o candidato que menos recebeu recurso do diretório nacional do PT foi justamente Lela Farias. Levou o total de R$ 1 milhão. Realidade que ilustra o fato de o PT não estar priorizando a candidatura em Florianópolis.
O fato político dessa semana foi a soltura do prefeito Clésio Salvaro, de Criciúma. Liberdade que veio através de um despacho da desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer. Sem dúvida nenhuma, algo que vai sacudir com a eleição mais acirrada e de resultado mais imprevisível em Santa Catarina e que se desenrola na Capital do Sul do estado.
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Está em curso uma queda-de-braço entre duas grandes lideranças. Salvaro, pedindo por seu candidato, que foi colaborador no colegiado do prefeito, e Jair Bolsonaro, que esteve em Criciúma fazendo campanha por Ricardo Guidi, deputado federal, que merece, também, o respaldo do governador. Foi Jorginho Mello que patrocinou a sua filiação às fileiras liberais. Guidi era do PSD e foi atropelado na sua candidatura natural à prefeitura. Além de deputado federal, ele era presidente municipal do PSD.
Hoje existe uma situação única, sui generis, em Criciúma. O prefeito afastado retorna à cidade, mas não reassumirá o cargo. Continuará a prefeitura sob o comando do vice, Ricardo Fabris, do MDB.
O emedebista, aliás, está muito mais próximo de Jorginho Mello do que propriamente do candidato do seu próprio partido.
Figuração
Pra quem não sabe, o MDB tem candidato no Sul, na figura de Paulo Ferrarezi. Inclusive, Ricardo Fabris trabalhou no sentido de que ele pudesse abrir mão da candidatura para fechar com o Ricardo Guidi.
Caminhos
Isso evidenciou que Ricardo Fabris, prefeito em exercício, e Clésio Salvaro, em liberdade, mas ainda afastado das funções, caminham em direções opostas.
Restrições
Agora é observar, pois as expectativas giram em torno dos desdobramentos da libertação de Salvaro. Ele tem medidas cautelares a obedecer. Além de não assumir a prefeitura, em tese não poderá fazer campanha. Mas na quinta à noite já foi recebido por Vaguinho e apoiadores em praça pública, num ato puramente eleitoral.
Incerteza
Considerando as medidas cautelares estabelecidas, como tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar da sede da prefeitura, a questão que fica no ar é a seguinte: se Salvaro não pode se aproximar dos demais investigados desta Operação, como poderá participar da campanha se um desses eventualmente lá estiver presente?
ncógnita
A grande questão é saber se o simples fato de o prefeito ter sido liberado vai reforçar o leve favoritismo que já detém o candidato Vaguinho? Ou pode beneficiar Ricardo Guidi?
Impacto
São dúvidas inevitáveis. Há três semanas, quando Clésio Salvaro foi preso, no mesmo momento, as curvas de tendência de votos nas pesquisas se cruzaram. Guidi despencou. Vaguinho disparou.
Reação
Ou seja, a prisão provocou um efeito favorável ao PSD e seu candidato. Uma parcela considerável do criciumense, do eleitorado, entendeu que estava sendo praticada uma injustiça na direção do prefeito afastado.
Versões
Agora, retornando, ele deixa de ser injustiçado, deixa de ser vítima? Ou ainda vai reforçar mais a posição de Vaguinho uma vez livre?
Caixa de ferramentas
Diante disso, a campanha de Guidi vai mostrar todas as situações que vulnerabilizam Salvaro e que motivaram a sua prisão, determinada com base em seu suposto envolvimento nas licitações fraudulentas do setor funerário.
Últimos lances
Haveria munição suficiente contra o prefeito para fazer com que Guidi retome a liderança nesta reta final de campanha? E os efeitos da passagem de Bolsonaro? Enfim, a situação é absolutamente imprevisível em Criciúma. Até porque nenhuma pesquisa parece ter captado, de fato, o que se passa na cabeça da esmagadora maioria dos criciumenses.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.