Ginecologista de Tubarão ressalta a importância da prevenção para que os índices de ISTs deixem de crescer entre os jovens
Último mês do ano é dedicado à conscientização sobre o HIV/AIDS e outras ISTs - Foto: Divulgação O avanço no tratamento do HIV transformou a infecção em uma condição crônica e controlável, mas os cuidados para evitar a transmissão não podem ser deixados de lado. Isso porque, os dados mais recentes, ao nível global, indicam aumento de novas infecções pelo HIV, especialmente entre homens jovens, além de um crescimento generalizado de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
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Durante o Dezembro Vermelho, mês dedicado à conscientização sobre o HIV/AIDS e outras ISTs, a ginecologista Lisandra Radaelli (CRM/UF), alerta que o tom de urgência acerca da conscientização é necessário para informar e mobilizar as pessoas para, novamente, registrar uma queda nos casos. “Assim, conseguiremos ter sucesso na prevenção e no diagnóstico precoce”, ressalta a médica ginecologista.
Alerta dos números
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde e de organizações internacionais como a UNAIDS acendem um alerta:
-Aumento de casos de HIV no Brasil: Houve um aumento de 17,2% nos casos de infecção por HIV notificados no Brasil entre 2020 e 2022 (SES-RS).
-Foco nos Jovens: a tendência de queda nos casos gerais de HIV/AIDS no país é contrastada por um aumento dessas doenças entre homens jovens de 15 a 29 anos (Agência Brasil).
-Aumento das ISTs: infecções como a sífilis seguem em crescimento no Brasil e no mundo. (Seegene Brazil).
Resistência ao cuidado
O avanço da ciência, segundo a ginecologista Dra. Lisandra Radaelli, tem esbarrado, contudo, na falta de adesão ao cuidado e à prevenção. A falsa sensação de segurança, muitas vezes, é justificada pela eficácia dos tratamentos atualmente disponíveis no mercado. “No entanto, o sucesso do tratamento não anula o risco de infecção. O uso de preservativos é essencial para a prevenção e a falta reflete no aumento de ISTs e na taxa de novos diagnósticos de HIV entre jovens”, aponta a médica.
Para a especialista, a responsabilidade está na adoção de uma prevenção combinada. “O cuidado com a saúde sexual hoje é uma combinação de recursos: preservativo em todas as relações, vacinação (HPV e Hepatites), testagem regular e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para quem está sob risco aumentado. O pré-natal, por exemplo, é crucial para evitar a transmissão vertical da sífilis e do HIV, mas ainda vemos resistência em buscar a rotina ginecológica”, reforça Lisandra.
Informar para combater o estigma
Apesar dos aumentos, o Brasil é uma referência mundial em tratamento e prevenção. Mais de 92% das pessoas em tratamento no país atingem a carga viral indetectável, o que significa que a pessoa não transmite o vírus por via sexual (I=I) (ANS).
A campanha do Dezembro Vermelho é fundamental para divulgar essa informação e combater o estigma e a discriminação que ainda cercam o HIV. O diagnóstico precoce continua sendo a chave para uma vida longa e saudável. “É preciso quebrar a barreira do preconceito. O HIV é uma condição controlável e o maior inimigo é o desconhecimento. Incentivar o teste rápido é um ato de autocuidado e de responsabilidade social, pois permite que a pessoa inicie o tratamento imediatamente e viva com qualidade, interrompendo a cadeia de transmissão”, expõe a médica.
Fontes e Referências dos Dados: UNAIDS Brasil, Ministério da Saúde (DATHI/MS), Agência Brasil, ANS, SES/Rio Grande do Sul, Seegene Brazil.