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Se atualmente uma década representa uma série de mudanças nos hábitos cotidianos de uma família, imagine para quem alcança os 100 anos. Cheia de lembranças desde os tempos mais remotos, Francisca Nobre Pessoa completou seu centenário em 21 de dezembro de 2022. E a reportagem da Única esteve lá para registrar esse momento emblemático.
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Com casa cheia – quase todos seus oito filhos, 15 netos e nove bisnetos estavam presentes – a simpática senhora dividiu com a reportagem como estava se sentindo nesta festa tão especial. “Eu me sinto com a cabeça jovem, sou feliz e gosto muito de viver”, resume.
Quantas mudanças se passaram desde que ela nasceu em Morro da Fumaça e, em sua juventude, uma delas mudou seu destino. Seus pais se separaram quando Francisca tinha 15 anos – o que era bem incomum para a época. Por este motivo, Francisca veio morar em Tubarão na casa de seu padrinho.
“Eu gostei daqui. Gostava de ir dançar no Sul Catarinense, no Bairro Oficinas, onde vim residir e conheci meu marido. Ele foi o único amor da minha vida”, relembra, enfaticamente
A jovem Francisca Nobre já tinha um nome adequado ao seu perfil simples e encantador. Ao se casar com Venceslau Policarpo Pessoa, ela aprimorou o sugestivo nome para Francisca Nobre Pessoa, em 1943.
Segundo ela, foi um amor e tanto.
Enquanto ele se dedicava ao trabalho na Ferrovia Dona Tereza Cristina, a Francisca dedicou seu tempo aos cuidados da família. Com muita disposição criou oito filhos na residência onde mora até hoje, na beira-rio.
“Sempre gostei de morar aqui. Enfrentamos até a enchente, mas logo voltamos e reconstruímos tudo”, conta.
Dona Francisca encontrou na cozinha, costura, entre outros serviços artesanais, uma maneira de zelar a família com seus mimos preparados com esmero.
“Agora eu não cozinho mais, mas eu caprichava. Eu gostava de organizar as festas de aniversário, fazia tudo. Hoje estão fazendo uma festa para mim do jeito que eu mais gosto de estar: junto com minha família”, pontua.
Para Francisca, essa longa e linda história só é possível graças a Deus, a quem dedica bastante fé. E foi na igreja que ela iniciou as comemorações.
“Eu fui no salão de beleza, fiz as unhas das mãos e dos pés, cortei e arrumei o cabelo para ficar bonita e ir na missa. Foi muito bonita a celebração e ao final o padre conversou bastante comigo”, comenta.
Obstáculos que ficaram para trás
Francisca já enfrentou situações difíceis como perder a visão do olho esquerdo, teve que retirar a mama esquerda em decorrência de um câncer quando tinha 85 anos e superou a Covid-19. “Fiquei uma semana internada com o coronavírus. Foi bem preocupante, mas deu tudo certo novamente e logo voltei para minha casa”, comemora.
*Matéria publicada da edição impressa de janeiro/fevereiro de 2023 - Texto: Joyce Santos.