Entrevista exclusiva com Marcos Frota revela bastidores do Mirage Circus, novo seriado da Globo, trajetória na arte e visão sobre juventude, Brasil e futuro
Marcos Frota em frente ao Mirage Circus, durante a estreia do espetáculo em Tubarão - Foto: Fabiano Bordignon/Revista Única Aos 70 anos, pai de quatro filhos, ator consagrado e referência nacional no universo circense, Marcos Frota vive um dos períodos mais intensos e produtivos de sua trajetória.
:: Quer receber gratuitamente notícias por WhatsApp? Acesse aqui
Entre as gravações de um novo seriado da Globo, a gestão da Universidade do Circo, a presidência do Instituto Cultural e Assistencial São Francisco de Assis e a rotina como anfitrião do Mirage Circus, ele transita diariamente entre a arte, a estrada e a formação de novos talentos.
No último sábado, 29 de novembro, dia da estreia do Mirage Circus em Tubarão, ele recebeu a Revista Única para uma entrevista exclusiva, em que falou sobre carreira, circo, televisão, Brasil, juventude e sonhos.
O anfitrião
Marcos Frota esclarece uma dúvida comum do público. Embora seu nome esteja fortemente ligado ao projeto, o Mirage não é de sua propriedade. "O Mirage pertence a uma família. Eles são os donos e gestores. Eu sou o anfitrião do projeto, viajo com a companhia, participo das decisões artísticas e acompanho todas as rotinas, mas não sou proprietário. É uma parceria construída com muito respeito e paixão pelo mesmo propósito que é levar arte de alta qualidade ao público."
Entre o picadeiro, a TV e a formação de artistas
Mesmo com uma agenda intensa, Marcos Frota afirma que todas as suas frentes de trabalho têm a arte como um ponto em comum.
“Neste novembro de 2025 eu estou gravando uma série na Globo, viajando com o circo, administrando a Universidade do Circo e presidindo o Instituto São Francisco de Assis. São frentes diferentes, mas todas ligadas à arte e ao social”, resume.
A Universidade do Circo, no Rio de Janeiro, segue firme como um dos maiores projetos de formação cultural do país. “É gratuita, tem assinatura da Petrobras e hoje reúne 1.500 alunos, focados tanto no trabalho dentro do picadeiro quanto no bastidor.”
A novela que mudou tudo
O ator sempre teve relação afetiva com o circo, mas admite que o ponto de virada aconteceu na novela “Mulheres de Areia”, quando interpretou o personagem Tonho da Lua. “Eu já tinha uma impressão fortíssima do circo, mas foi naquela novela que a coisa explodiu. A novela me levou ao circo e o circo também me levou embora. Nunca mais parei”, lembra.
Hoje, sua ligação com o Mirage Circus é diária. “Sou anfitrião, viajo com a equipe, acompanho a rotina técnica, artística e administrativa. Estou no circo todos os dias — é minha paixão e minha missão, descreve.
Estreia em Tubarão e boas lembranças
A chegada a Tubarão foi marcada pelo acolhimento do público. “A recepção foi maravilhosa. Tenho uma curiosidade histórica com Tubarão por causa do Caminhão do Faustão. É uma região de público muito caloroso.”
Segundo ele, o Mirage normalmente se instala em grandes capitais devido ao tamanho da estrutura — 44, 45 carretas. Mas Tubarão entrou na rota pela boa organização e parceria com o poder público. As sessões ocorrem de terça a domingo, sempre recebendo público de toda a região.
Audiências, viagens e a nova série da Globo
Marcos diz que o Mirage já tem força nacional e cria seu próprio movimento de público. “Começamos em 2014, em Roraima, Boa Vista, e nunca mais paramos.”
Já na televisão, está envolvido em uma nova produção da Globo. “Posso revelar, sim: o seriado se chama Jogada de Risco. É moderno, cheio de efeitos especiais. Interpreto o pai de um personagem polêmico vivido pelo Cauan Reymond”, afirma. Ele viaja ao Rio para gravar e retorna a Tubarão para seguir no circo.
A transformação da dramaturgia
Sobre a mudança na teledramaturgia, Marcos vê um cenário mais objetivo e competitivo. “Antes uma novela tinha 70 pontos; hoje o jogo é outro. A competição com o streaming é enorme. É preciso conquistar o olhar do público todos os dias.”
Ele lembra com carinho da era de gigantes como Lima Duarte e Tarcísio Meira, mas celebra a nova geração de diretores e atores.
Política, arte e o Brasil polarizado
Apesar de ser discreto politicamente, Marcos fala sobre o papel do artista. “O ator se apaixona pelo personagem. Não julgo, interpreto. Meu papel é entregar arte, não dividir o público.”
E acredita que o país está próximo de superar a polarização. “Acho que haverá luz. O Brasil precisa de novas lideranças.”
Mão de obra, juventude e oportunidades
O artista também comenta a dificuldade de reter profissionais qualificados no circo, especialmente por causa da concorrência internacional. “O lado humano vem antes da habilidade técnica”, afirma.
Sobre seus filhos, diz que cada um seguiu seu caminho — um deles é professor de educação física e atua na área esportiva, nos EUA.
A mensagem para a juventude de Tubarão é direta. “Corram atrás dos sonhos. O país precisa de uma geração com discernimento, atitude social, política e ambiental.”
O segredo dos números do Mirage
Questionado sobre a preparação dos artistas, especialmente os de alto risco, Marcos explica que o padrão internacional exige disciplina extrema.
“Pirueta da moto, globo, trapezistas: tudo exige audácia e treino diário. O público quer sentir essa adrenalina, e nossa equipe é muito experiente.”
A entrevista completa estará na próxima edição da Revista Única.