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Lula não venceu, a direita entregou — e pode entregar de novo

Por Fabiano Bordignon
10/12/2025 - 10h14

Há um ponto que a direita brasileira ainda não foi capaz de encarar com maturidade. A eleição passada não foi vencida por Lula, foi entregue pelo time do então presidente Bolsonaro. E a derrota não veio apenas das urnas, mas dos próprios erros cometidos dentro do campo conservador.

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Na reta final da campanha, vimos cenas que afastaram eleitores moderados e deram munição à esquerda. Aliados do então presidente protagonizaram episódios graves, como o caso da ex-deputada Carla Zambelli, que saiu armada pelas ruas apontando uma arma para civis. 

O ex-deputado federal, Roberto Jefferson, foi além, atirando contra policiais em uma cena que chocou o país. Esses fatos não foram isolados — eles evidenciaram falta de controle, de estratégia e de responsabilidade política.

O próprio Bolsonaro, que apesar de sempre ter governado dentro das quatro linhas da Constituição, acabou se perdendo em falas durante o seu governo. A política, goste-se ou não exige sangue frio. Quando se perde isso, as urnas não perdoam. 

Com olhar à próxima disputa, um nome vinha sendo visto como o mais competitivo da direita. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reúne apoio do mercado financeiro, simpatia do centrão e respeito de uma parcela relevante do eleitorado conservador. É o projeto mais viável para enfrentar a esquerda com chances reais.

Mas a direita foi, mais uma vez, surpreendida. A insistência do entorno do bolsonarismo em empurrar um dos filhos do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, mostrou que a ideia de renovação é muito mais discurso do que prática. A tentativa de transformar o movimento em um projeto familiar é um erro estratégico gigantesco.

Isso passa uma mensagem clara de que a direita parece disposta a entregar a eleição de novo. Não por força de Lula, mas por fraqueza própria.

Se Lula se mantiver como candidato — e tudo indica que será — ele entrará na disputa em um cenário viável. Não porque seja imbatível, mas porque o outro lado não consegue se organizar. Falta união. 

Bolsonaro teve seus méritos. Elegeu uma bancada forte, puxou nomes importantes, fortaleceu o PL. Mas nenhum país sério constrói futuro com base em dinastias políticas. O Brasil não precisa de famílias se perpetuando no poder, precisa de instituições fortes e lideranças com visão de Estado.

Enquanto a direita insistir em personalismo, em sobrenomes e em brigas internas, continuará perdendo. E não será por mérito do adversário. Será por culpa própria. Porque a política, no fim das contas, não perdoa amadorismo.

Fabiano Bordignon

Blog do Bordignon

Em 2004, colou grau em jornalismo pela Universidade do Sul de Santa Catarina. É editor da edição impressa da Revista Única e, dos portais, www.lerunica.com.br e www.portal49.com.br.

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