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Trump, a direita internacional, Bolsonaro e o Brasil

Por Cláudio Prisco Paraíso
08/11/2024 - 13h19.Atualizada em 08/11/2024 - 13h20

Pela segunda vez na história dos Estados Unidos, um presidente derrotado na reeleição disputa novamente quatro anos depois e retorna ao cargo. Com isso, obriga aquele que o sucedeu a devolver o comando da grande potência mundial.

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Donald Trump surpreendeu o mundo inteiro com uma vitória esmagadora nos sete estados-pêndulo e ainda ganhando territórios tradicionalmente democratas. Acabou contrariando, vejam só,  todos os institutos de pesquisa e os veículos de comunicação que apenas na última semana começaram a mostrar que a distância se estreitava.

Não só na disputa nacional, o voto direto, como também na queda-de-braço pelos delegados nos estados federados. Em última análise, quem ganha o colégio eleitoral é quem toma posse.

O próprio Trump, em 2016, ficou três milhões e meio de votos atrás de Hillary Clinton. Dessa vez, não. Ele fez barba, cabelo e bigode.

Voz das ruas

Ganhou no voto popular, abrindo uma margem que até ontem estava em cinco milhões de votos. E o que o empresário e agora presidente eleito ganhou além do retorno ao cargo? Impôs uma derrota acachapante ao partido Democrata.

Filme antigo

Feitas essas considerações, vamos olhar para o Brasil. O que houve nos EUA nesta eleição costuma acontecer por aqui. Pesquisas, ah as pesquisas. Muitas vezes sendo manipuladas com o objetivo de vender um retrato diferente da realidade.

Roteiro

Mas, na reta final os números precisam ser ajustados para que a barbeiragem não seja tão grande e a manipulação não fique tão evidente.

Prestígio

Para além das pesquisas, vamos apreciar a questão política. O deputado federal Eduardo Bolsonaro estava lá na festa, na residência de Trump. Foi convidado. Apenas 50 presentes. É uma forma de prestígio sem dúvida nenhuma. Isso é ponto pacífico.

Delírios

Mas daí a imaginar que a eleição de Trump e a sua investidura em janeiro vão representar um algo mais para o retorno de Jair Bolsonaro à Presidência em 2026 soa quase como delírio. É melhor esperar sentado.

Fora do jogo

Primeiro, porque o ex-presidente está inelegível e vai continuar inelegível. Ponto. Mas com o Trump na presidência, vai ter uma pressão via Congresso para que o Supremo  recue dessa decisão, raciocinam os mais afoitos. Ou mais ingênuos.

Mais o que fazer

Até parece que Trump vai ter tempo para isso e que ele vai se arvorar  em um movimento dessa natureza. De qualquer forma, isso representa um reforço para Bolsonaro considerando quem ele vai apoiar em 2026, imaginam outros. Alto lá. Mas quem que ele vai apoiar? Ele deu uma declaração que o candidato é ele.

Reeleição

Imediatamente, Tarcísio de Freitas confirmou permanência no Republicanos e a candidatura à reeleição, empreitada para a qual, aliás, praticamente não tem adversário.

Sem nome

Quem seria o candidato de Bolsonaro? É evidente que a eleição e o exercício da Presidência por Donald Trump não exercerão influência aqui no Brasil.

Alhos e bugalhos

É uma bobagem imaginar que o eleitorado brasileiro vai escolher a direita porque Trump ganhou nos Estados Unidos. Até porque ninguém sabe que reflexos a política econômica do novo presidente terá abaixo da linha do Equador.

Aniquilação

O que é uma realidade é que a direita está avançando no mundo inteiro. Trump nos EUA, Milei recentemente na Argentina, Georgia Meloni na Itália e tantos outros lugares. É sim um sentimento internacional. A esquerda caindo aos pedaços e a direita avançando.

Tripé

Simples assim. E Trump ganhou com essa vantagem toda porque conseguiu sensibilizar três frentes do eleitorado americano: o latino, o negro e o morador rural.

Mais do mesmo

Por Cláudio Prisco Paraíso
07/11/2024 - 13h04.Atualizada em 07/11/2024 - 13h04

Pelo visto, Jair Bolsonaro não aprendeu com os erros do segundo turno.  O PL disputou em nove capitais. Perdeu em sete e só ganhou nas duas menos representativas.

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Isso porque partiu para uma queda-de-braço contra aliados como Ratinho Júnior, governador reeleito no Paraná, na disputa pela capital Curitiba.

Ali, inclusive, Jair Bolsonaro indicou um correligionário, Paulo Martins, de vice, mas deu um cavalo de pau e resolveu fechar com a jornalista Cristina Graeml. 

Em Goiânia, outro parceiro, Ronaldo Caiado, igualmente reeleito em Goiás, conseguiu fazer prevalecer o seu candidato. 

Duas derrotas desnecessárias em relação a dois governadores que o apoiaram lá em 2018, quando inclusive se elegeram governadores do Paraná e de Goiás. 

Depois, também estiveram com Jair Bolsonaro na sua gestão à frente da Presidência da República. Em 2022, se reelegeram e, igualmente, estiveram com Jair Bolsonaro, que foi derrotado nas unas por Lula da Silva.

Na contramão

Agora, mais do que nunca, era a hora de buscá-los, procurá-los para encontrar convergências nas candidaturas. Mas o caudilho partiu para o enfrentamento. E deu no que deu. Não bastasse essa derrapada, Bolsonaro agora parte para um outro deslize.

Pinus elliotti

Em entrevista, semana passada, à Revista Veja, o ex-presidente declarou em alto bom som: “O candidato sou eu, e apenas eu.” Ele estava se referindo à disputa presidencial de 2026, quando Caiado já se apresentou como pré-candidato.  Ratinho Júnior examina a possibilidade. 

Vice

Romeu Zema, que também está no segundo mandato em Minas Gerais, é um nome que até se oferece para compor de vice.  E todos sabem que a preferência de Bolsonaro é por Tarcísio de Freitas, mas ele chega e diz que “o candidato sou eu.”

Locomotiva

Tarcísio de Freitas, que já estava inclinado em buscar a reeleição em 2026, à frente do maior estado brasileiro, mais do que nunca está focado nesse projeto.

Ledo engano

Evidentemente, Bolsonaro imagina que Tarcísio de Freitas vai dar uma de Fernando Haddad que, lá em 2018, sem mandato, na sombra, no sereno, se apresentou como vice de Lula da Silva, que estava preso. 

Errou

Mas Lula estava apostando que seria libertado. Não foi. Haddad virou candidato. Tarcísio, hoje administrando São Paulo, vai se colocar como vice de Bolsonaro para de repente, ou muito provavelmente, assumir a candidatura à Presidência? Mas se viesse a ocorrer alguma coisa? 

Margem de segurança

Evidentemente que a sua declaração nos últimos dias, dizendo que vai permanecer no Republicanos, é a maior demonstração de que ele não vai embarcar nessa canoa furada.

Nome

Ele se posicionando como candidato à reeleição, confirmada a inelegibilidade de Bolsonaro, quem Bolsonaro vai apoiar?  Certamente não vai ser Caiado. Sobretudo depois de tudo que o ex-presidente falou de Caiado. 

Câmara Alta

O PSD não deve lançar Ratinho Júnior. O paranaense deve concorrer ao Senado. Já Romeu Zema estava na expectativa de ser vice de Tarcísio, mas daqui a pouco pode compor chapa com Caiado.

Família

E quem Bolsonaro vai respaldar? Vai lançar a mulher Michelle, o primogênito Flávio; o filho do meio, o vereador Carlos Bolsonaro, da capital fluminense; ou o caçula Eduardo, deputado federal de São Paulo? 

Plantar e colher

O fato é que Bolsonaro está plantando e semeando o que tem tudo para colher lá à frente, que é um desastre completo.  Isso abre espaço, inclusive, para que o celerado Paulo Marçal venha daqui a pouco se apresentar como candidato pela direita. E não será surpresa se o abestalhado ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, vier a apoiá-lo.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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