A bancada estadual do MDB reuniu-se, esta semana, em Florianópolis, para fazer uma avaliação do resultado das eleições. O tradicional almoço das terças-feiras também serviu para balizar como os parlamentares, em número de seis, se comportariam em relação ao governo Jorginho Mello daqui para a frente.
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Afinal de contas, em vários municípios, o PL, presidido pelo governador, acabou, de alguma forma, subtraindo e conquistando prefeituras que pertenciam ao MDB. Os liberais também acabaram se sobressaindo, mesmo em cidades em que a sigla apresentava boas perspectivas. Realidade que acabou gerando um certo mal-estar nas hostes do Manda Brasa.
O MDB, vale lembrar, é o maior partido de Santa Catarina desde 1982, ano que marcou o restabelecimento das eleições diretas aos governos estaduais.
O partido nunca deixou de ser aquele que controlou o maior número de municípios, que comandou o maior número de prefeituras catarinenses. Supremacia que chega ao fim a partir de 1º de janeiro, na medida em que o PL elegeu 90 prefeitos contra 70 do MDB.
História
Ao longo de todo o período, desde 1982, a queda-de-braço dos emedebistas foi contra o PDS, que depois virou PPB, PPR e hoje é PP progressista. Mas nunca o MDB deixou de ter o controle da maior parte das prefeituras.
Segue o baile
Voltando ao pós-eleições de 2024. O MDB discutiu a sua relação com o governo Jorginho Mello. A priori sem nenhuma mudança. Tanto é que nessa quarta-feira, 9, o deputado licenciado Jerry Comper reassumiu a Secretaria de Infraestrutura.
Bancada
Comper é um dos seis integrantes da bancada estadual. Jorginho Mello, ainda antes das eleições, tentou levar o também deputado Antídio Lunelli para a Secretaria da Agricultura. Ele declinou do convite.
Objetivo
Tudo leva a crer que o governador ainda não desistiu de contar com a presença de Lunelli no colegiado. Conversações vão prosseguir nessa semana, nos próximos dias, no sentido de ampliar o espaço do MDB no governo. Até porque não é segredo para ninguém que Jorginho deseja ter o partido como aliado no seu projeto de reeleição de 2026.
Oposição
Na outra ponta, o MDB também é assediado pelo PSD, partido que elegeu prefeitos não em número muito significativo, foram apenas 41. Porém, a sigla comanda cidades estratégicas como Chapecó, Criciúma e São José.
Quinteto
Nessas três cidades, dois prefeitos foram reconduzidos: Chapecó e São José. Em Criciúma, Clésio Salvaro elegeu Vaguinho Espíndola. Teve também a eleição de Juliana Pavan em Balneário Camboriú e do seu pai, o ex-governador Leonel Pavan, na cidade de Camboriú.
Logo ali
Jorginho Mello deseja também estar próximo do MDB considerando as eleições para a nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, eleição que vai ocorrer no próximo dia 1º de fevereiro.
Dois presidentes
A ideia é dividir o mandato. O primeiro ano para o MDB e o segundo para o PL do governador. São conversações no ambiente partidário, governamental, que também vão, de alguma maneira, acontecer como repercussão das eleições municipais do último domingo.
Historicamente vexatório, abaixo da crítica, o desempenho das esquerdas, começando pelo PT, nas eleições municipais de domingo passado.
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Se alguém ainda tinha dúvida sobre o que quer, o que pensa e como se posiciona politicamente o eleitorado catarinense, ela foi dissipada. Porque os partidos de esquerda foram praticamente varridos do mapa municipal de Santa Catarina.
Mas olhemos para o país primeiro. O PT, partido que voltou ao poder depois de barbaridades em série, pra não dizer outra coisa, do Judiciário deste país, não elegeu um prefeito de Capital sequer.
Há quatro vermelhos em segundos turnos, mas todos em seríssimas dificuldades e praticamente sem perspectivas reais de vitória. Os petistas perderam, por exemplo, em todo o grande ABC paulista, berço do lulopetismo e dos lulofanáticos.
Tão cantado e decantado em verso e prosa pela canhotada nacional, o PSOL, não elegeu um prefeito no Brasil. Somando o restante dos satélites de sempre do PT, como PCdoB, Rede, PV e por aí vai, não deu uma dúzia de prefeituras tupiniquins.
O presidente de mais de 60 milhões de votos em 2022 foi escondido durante a campanha das esquerdas. Mas sem dúvidas segue sendo o homem mais popular da história deste país, sem dúvidas, evidentemente. E claro que ele é favoritíssimo a novo mandato em 2026, quiçá em 2030 e ad aeternum. Viva a democracia, o Brasil voltou!
Desastre
Em Santa Catarina, o blog vinha vaticinando, desde o ano passado, que o PT teria que se esforçar muito para eleger uma dúzia de prefeitos. Fez sete. Uma prefeitura no Sul e seis no Oeste, base de cinco dos seis deputados petistas do estado.
Todas cidades pequenas ou de porte minúsculo.
Perdeu a mão
O presidente estadual do PT, Décio Lima, será muito questionado por seus pares. E não adiantará vir com a história de que chegou ao segundo turno em 2022, etc. e tal. Até porque isso só foi possível em função das cinco candidaturas de centro-direita naquele pleito.
Lulismo
Outro aspecto: Décio só carimbou o passaporte para o segundo turno, onde chegou com as calças na mão, pela polarização entre Bolsonaro e Lula. A deidade vermelha ainda conseguiu 30% dos votos catarinenses, impulsionando localmente o compadre. Ponto.
De costas
O fato é que Décio Lima não esteve nem aí, ficou de costas para o partido desde então. Ganhou do chefe um cargo nacional, com orçamento bilionário, mas não deixou a proa do PT estadual. Mas o pior, não fez questão alguma de preparar e fortalecer a sigla para o pleito de domingo passado. Deu no que deu.
Substituição
Sem sombra de dúvidas, a corrente mais à esquerda do PT catarinense, liderada por Pedro Uczai e Luciane Carminatti, que formaram dobradinha à prefeitura de Chapecó – e acabaram humilhados nas urnas, vão reagir.
Sofrível
E olha que os dois, Uczai e Luciane, foram os recordistas de votos proporcionais pelo PT em 2022. Ele a federal e ela a estadual. Mas não conquistaram nem 15% dos votos chapecoenses.
Rumos
Depois do desastre absoluto registrado no dia 6 de outubro, certamente eles vão pleitear o comando do PT de Santa Catarina. Sem uma mudança radical e reestruturação do partido, a tendência é que os petistas protagonizem um novo e gigantesco desastre em 2026.
Acachapante
Por fim, é fundamental registar que outros apêndices históricos do PT, o PSB, o PSOL, o PDT, o PCdoB e o PV, enfim, os de sempre, não fizeram um prefeito sequer no Estado. Nada, zero. Ou seja, fácil deduzir, para desespero também da mídia aparelhada e dos jornalistas militantes, que o grande derrotado sob o aspecto partidário nestas eleições foi a esquerda catarinense.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.