Iniciativa é baseada em atividades assistidas por animais
O fórum da comarca de Imaruí, no sul de Santa Catarina, implementou um projeto piloto chamado "Fórum Bom pra Cachorro". Idealizado pela juíza e diretora do foro, Ana Luisa Schmidt Ramos, a iniciativa é baseada em atividades assistidas por animais (AAA).
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Por conta disso, há dois meses, Nina, uma cachorra com histórico de maus-tratos que vivia em um abrigo, foi acolhida na unidade, onde passou a ter um papel essencial na promoção da saúde e do bem-estar de todos os que frequentam o espaço forense.
As AAAs são ações em que há interação entre bichos e pessoas para melhorar a qualidade de vida, mas sem a necessidade de coordenação por profissionais de saúde. Além de aumentar a sensação de bem-estar de magistrados, servidores e outros profissionais que trabalham no espaço, bem como jurisdicionados que frequentam a unidade, o projeto desenvolvido no fórum de Imaruí busca humanizar o local e trazer conforto emocional.
O projeto piloto está amparado em estudos que indicam que a interação com cães pode proporcionar benefícios emocionais e físicos, como a redução do cortisol (hormônio associado ao estresse) e o alívio da ansiedade, o que contribui para a saúde mental - um tema que tem chamado a atenção do Judiciário.
Em 2023, durante o 5º Webinário sobre Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, foi destacado que práticas de prevenção e gestão humanizada são cada vez mais essenciais para enfrentar problemas de saúde mental, que são a quarta principal causa de afastamento de magistrados e a quinta de servidores.
Segundo a juíza Ana Luisa Schmidt Ramos, o projeto "Fórum Bom pra Cachorro" também está alinhado com a Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores do Poder Judiciário, instituída pelo Conselho Nacional da Justiça (CNJ) na Resolução n. 207/2015. Um dos objetivos da política é “coordenar e integrar ações e programas nas áreas de assistência à saúde, perícia oficial em saúde, promoção, prevenção e vigilância em saúde de magistrados e servidores e fomentar a construção e a manutenção de meio ambiente de trabalho seguro e saudável, e assim assegurar o alcance dos propósitos estabelecidos no Plano Estratégico do Poder Judiciário”.
Nina já está integrada à rotina do fórum, tem livre acesso às dependências e salas e interage com todos os que manifestam interesse. Ela foi escolhida pelo perfil dócil, mas está sendo adestrada. Para a assessora jurídica Joana Angélica Balli Ghanem, a presença de Nina está trazendo alegria à unidade forense. “O ambiente de trabalho se transformou depois que ela veio para cá. Às vezes eu estou na minha cadeira trabalhando, até um pouco cansada, e aí ela vem para pedir um caminho. A gente vê toda hora alguém interagindo com a Nina no corredor, seja um jurisdicionado, sejam os próprios servidores. Toda hora tem alguém fazendo carinho nela, chamando, brincando com ela”, conta Joana Angélica.
Os cuidados com a cachorra são compartilhados mesmo fora do horário de funcionamento do fórum - Nina nunca fica sozinha, pois a unidade conta com a presença de vigias durante a noite e nos finais de semana. Nos próximos meses, uma pesquisa será conduzida para avaliar a eficácia do projeto.