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Maria Kock completou 85 anos no dia 26 de fevereiro, com a convicção de que sempre impulsionou os trabalhos com sua assinatura: a perfeição. Para essa mulher culta e dedicada, o esforço sempre foi requisito básico para a vida e isso fica claro em sua história.
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“Tudo que eu fiz, sempre executei com o máximo de qualidade. Cada trabalho que entreguei, sempre busquei o alto padrão e até mesmo aprimoramento contínuo”, salienta.
Para ser uma renomada cozinheira ela acordava de madrugada e seguia até à noite. Quando deixava o seu lar para seguir até o trabalho, Maria observava a beleza das primeiras horas do dia. “Eu gostava de sentir aquele ar puro, o orvalho e escrevia sobre isso. Também anotei minhas receitas, todas elas eu busquei a melhor versão”, detalha.
E graças a esses registros os apreciadores da cozinha têm a oportunidade de se inspirar em suas criações em dois livros. São receitas de pratos doces e salgados, divididas em cada um deles. O mais novo foi lançado recentemente.
“Eu atendia a Alcoa, Itagres, Ferrovia e outros grandes clientes. Tínhamos um espaço próprio que possibilitava produzir os pratos e servir. Eu tinha tudo, toalhas, louças e fazia eventos sempre com bastante sucesso. Inclusive fiz muitas formaturas de diversos médicos da cidade”, ressalta.
Atualmente, a senhora Maria cozinha pouco e em raras ocasiões por encomendas. Ela sente saudades, mas se dedica a outras atividades como a leitura, os filmes, que adora assistir, e cuidar de suas flores. Da varanda do apartamento onde reside, com vista para o Rio Tubarão, ela relembra outra importante fase de sua vida.
“Eu costurava antes de cozinhar. Confeccionava camisas masculinas e para atender meus clientes. Junto com meu marido, José Medeiros Nunes, abri uma loja no mesmo ano da enchente. O primeiro endereço era na beira-rio e o imóvel ainda tinha marcas das águas na parede”, detalha. O casal já tinha três filhos, Ronaldo, Renato e Ricardo.
Empresária, cozinheira e escritora
E por 24 anos a família trabalhou na loja Marijô, tradicional em Tubarão. O sucesso do negócio possibilitou a construção de uma sede própria, no Centro da cidade. “Eu também costurava com muito esmero. Tinha uma excelente clientela, mas quando meu marido faleceu, eu tinha 50 anos e decidi vender a loja”, comenta.
Foi assim que Maria despertou seus talentos para a cozinha. Construiu uma cozinha na sobreloja do prédio onde funcionava a loja e iniciou uma nova trajetória que não demorou para lhe render novos admiradores. Com uma fluência perfeita, adquirida com a paixão pela leitura, Maria Koch lê orgulhosa o prefácio de um de seus livros, escrito por um de seus filhos.
“Parabéns, Dona Maria! A senhora é a prova da superação dos limites do bom paladar. Afinal, nós, os simples mortais, bem que merecemos sentir o sabor que só aos magos é dado o privilégio de realizar”, diz um trecho da apresentação do livro “Confeitando com Marijô”, de seu filho do meio, Renato Kock Nunes.
Em parte do texto ele aponta a mãe como uma bruxa da cozinha, “por sua busca incansável por receitas e quitutes cada vez mais elaborados e deliciosos”.
*Matéria publicada da edição impressa de janeiro/fevereiro de 2023 – Texto: Joyce Santos.