Indústrias do Brasil e SC têm potencial para sair na frente e oferecer soluções para desafios relevantes
A capacidade de sobrevivência das empresas diante dos desafios como a transformação digital e as mudanças climáticas está atrelada à capacidade de reinvenção dos negócios.
:: Quer receber gratuitamente notícias por WhatsApp? Acesse aqui
Essa é a mensagem do primeiro painel do evento Radar Reinvenção, evento organizado pela Academia Fiesc de Negócios na sede da Federação das Indústria de SC (Fiesc) em Florianópolis nesta quarta-feira, 03 de abril.
“Os desafios e as oportunidades que surgiram ou se intensificaram nos últimos anos exigem de cada um de nós, e da comunidade empresarial como um todo, um movimento de aceleração ainda mais forte e determinado”, afirmou o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar. Para ele, é necessário estabelecer um pacto para assegurar melhores condições de infraestrutura, formação de mão de obra, exploração de mercados internacionais e acesso a crédito.
A percepção de executivos de empresas do mundo todo é que nos próximos anos, mudanças associadas à tecnologia, às preferências dos consumidores e ao clima, entre outras, terão impacto muito maior na forma como os negócios criam, entregam e capturam valor. A análise faz parte do estudo global com mais de 4,7 mil CEOs organizado pela PwC e apresentado pelo sócio e líder de Mercados e Clientes da PwC Brasil, Marcelo Cioffi.
Entre os CEOs brasileiros que responderam à pesquisa, 41% acreditam que suas organizações correm riscos de sobrevivência nos próximos 10 anos se mantiverem o rumo atual – um aumento de oito pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. No mundo, 45% dos entrevistados têm a mesma percepção, um incremento de 6 pontos ante o estudo passado. “O presente é difícil, mas se não pensarmos no futuro, a gente vai morrer na praia”, destacou Cioffi.
A boa notícia, diz Cioffi, é que a maioria já está pensando em modelos de reinvenção e já está trabalhando em ações que mudem o rumo das empresas. “A maioria relata que já avançou em projetos de descarbonização, em eficiência energética”, afirmou.
Para Aguiar, a indústria precisa se mobilizar de forma sintonizada com a nova política industrial brasileira, os megainvestimentos associados a mudanças climáticas, a inteligência artificial e a reestruturação das cadeias de valor globais.
O economista e diplomata Marcos Troyjo corrobora essa percepção. Para ele, estamos vivendo um momento de tensão global, decorrente ainda dos efeitos da maior crise de saúde pública global desde a gripe espanhola, a Covid-19. As respostas fiscais e monetárias - como aumento do gasto público e a emissão de moeda para fazer frente a esses investimentos - necessárias para combater os efeitos econômicos da pandemia acabaram trazendo reflexos como inflação e valorização artificial da bolsa de valores e do mercado de imóveis.
Também alimentam esse clima de tensão os riscos geopolíticos, tanto os relacionados aos confrontos no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia como os atribuídos à cadeia de suprimentos.
Esse cenário de redução do diálogo, combinado com a necessidade de segurança e confiança em seus parceiros negócios, favorece um ambiente de policrise. “Mas um ambiente de policrise também é um ambiente de polioportunidades”, destacou.
Troyjo afirmou que Santa Catarina e o Brasil têm potencial para atender a futuras demandas globais de energia renovável e alimentos, por exemplo. São áreas em que temos diferenciais competitivos e podemos oferecer soluções para essas questões, que serão cada vez mais relevantes no futuro.
O executivo da PwC também acredita que o momento é de oportunidades para o Brasil. O país vem caindo em importância como mercado estratégico para empresas globais e hoje ocupa a 14ª posição. “Acreditamos que isso não seja um problema, mas uma oportunidade. O realinhamento das cadeias globais de suprimentos pode beneficiar o país”, avaliou.