A paixão por Garopaba e a dedicação pelo trabalho social transformaram a vida de Targino Henrique de Souza
Targino Henrique de Souza, 63 anos, é natural de Imbituba. Ele ficou órfão ainda na juventude. Perdeu a mãe Maria dos Reis de Souza, com 14 anos e o pai Targino Machado de Souza quatro anos depois.
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Era 1978, Targino foi morar com sua irmã na cidade de Taquara (RS). Em 1981, uma nova mudança. Voltou para Santa Catarina, em Laguna, onde trabalhou em duas rádios locais – Difusora e Garibaldi. Foi quando resolveu prestar concurso público para atuar como servidor do Estado e foi aprovado.
“Fui trabalhar em Chapecó. Mas eu já tinha me casado pela primeira vez, com a Solange, com quem tive minha primeira filha, a Fernanda. Elas ficaram em Laguna e fui para o Oeste trabalhar”, relembra Targino.
Em 1983, Targino teve a oportunidade de ir trabalhar na capital catarinense, onde atuou junto ao governo do então chefe do Executivo estadual, Esperidião Amim. Ele não imaginava o quando este novo passo iria ser decisivo para sua trajetória.
Em 1986, o governador foi inaugurar a pavimentação asfáltica da rodovia que dá acesso, a partir da BR-101, até o Centro Histórico de Garopaba.
“Eu me apaixonei por esta terra. Busquei transferir minha vida para cá, em seguida trouxe a minha mulher, à época, e minha filha, e ainda tivemos mais um filho que é o Henrique. Então desde o dia 05 de junho de 1986 até agora estou em Garopaba”, pontua.
Motivado pelo amor pela nova terra, que adotara como sua, ele demonstra no intenso envolvimento com a sociedade local. “Fui presidente do Lions, da Associação de Moradores, da Associação de Pais e Professores do Colégio do Centro. Em 1996, eu decidi me candidatar a vereador”, detalha Targino.
A vitória veio logo no primeiro pleito e foi consagrada nas urnas em outras quatro oportunidades. Em 2000, 2004 e 2008, Targino foi reeleito. Em 2012, ficou fora do Legislativo por cinco votos e em 2016 foi o vereador mais votado de Garopaba.
Em 2020, os planos eram concorrer à majoritária, como candidato a prefeito de Garopaba. Porém, neste exato ano a pandemia atingia o mundo, Targino foi infectado pela Covid-19 e chegou a ficar vinte dias internado no Hospital Socimed, em Tubarão. “Com a doença eu resolvi não concorrer”, lamenta.
Associação Abraço Fraterno
Logo após o início de sua carreira política, em 1997, Targino fundou uma associação destinada ao atendimento de idosos. “Eu sempre me preocupei com os idosos e não tive a chance de acompanhar a velhice de meus pais.
Por isto eu decidi criar uma associação para dar atenção, cuidados necessários e também ganhar a riqueza de conviver com essas pessoas. Assim nasceu a Associação Abraço Fraterno”, explica Targino.
Desde então o número de idosos cresceu bastante. Atualmente são 62 idosos atendidos, que participam dos encontros semanais onde são acolhidos, recebem assistência através do trabalho desenvolvido pela equipe da associação, que é focada em garantir qualidade de vida a essa classe.
Renome nacional
Outra criação de Targino deu uma projeção inesperada à associação de idosos e ao município de Garopaba. “Aqui não existia carnaval. Era mais comum que a época do ano fosse aproveitada como um período de descanso para os turistas que vinham principalmente do Rio Grande do Sul. Tive a ideia de criar um bloco para os idosos da Abraço Fraterno no domingo de carnaval. Fui o pioneiro em criar um bloco na cidade, o Bloco do Tatá. Deu certo e virou tradição”, garante Targino.
O bloco especial ficou famoso porque a porta-bandeira tinha 91 anos. “Eu procurei a afiliada da Rede Globo, era a RBS TV ainda, e propus a produção de uma reportagem sobre nosso bloco de carnaval. A pessoa que me atendeu não deu muita importância ao afirmar que já haviam muitos blocos que reivindicavam uma divulgação semelhante. Então eu perguntei para a pessoa com quem eu conversava quantos anos que ela achava que tinha nossa porta-bandeira. Foi aí que tudo mudou”, diverte-se Targino. Atualmente a senhora Maria está com 106 anos e ainda participa das atividades da associação.
Após à reportagem para a televisão em âmbito estadual, a produção da Rede Globo também ficou interessada na história inusitada.
“Eu estava trabalhando, ajudando na organização da festa de Nossa Senhora de Navegantes, que seria realizada uma semana antes do carnaval, quando me ligaram e falaram que era da Rede Globo. Eu não acreditei, desliguei o telefone. Então um amigo atendeu a ligação depois de insistirem mais umas cinco vezes e confirmaram que era da produção da televisão, do Rio de Janeiro, e que queriam levar eu e a dona Maria para participar do programa da Fátima Bernardes. Foi muito especial, a emissora nos proporcionou todos os custos da viagem, hospedagem, enfim, tudo. E nós conseguirmos mostrar nosso bloco para todo o Brasil”, ressalta Targino.
Legado
Nas últimas eleições Targino foi coordenador de campanha da atual gestão. Atuou como chefe de gabinete. É servidor público aposentado pela Casa Civil, mas não descansa. “Eu tenho uma vida ativa em Garopaba. A população ainda me vê como um vereador, pessoas apresentam demandas e estou sempre em busca de soluções para poder contribuir com nossa gente, com essa terra que tanto amo”, afirma Targino.
Em 2000, Targino se casou novamente e teve sua terceira filha – Julia. Tanto a caçula quanto o Henrique já demostraram que a veia política foi herdada.
Júlia poderá ser candidata a vereadora nestas próximas eleições. Henrique, que atua há diversos anos na área política, e atualmente é chefe de gabinete do deputado estadual Pepê Collaço, é pré-candidato a prefeito de Pescaria Brava.
Targino tem ainda três netos – Gustavo, Felipe, filhos da primogênita, e Laura Maria, de sete meses, filha do Henrique e da procuradora de Pescaria Brava, Camila de Souza.
* Matéria publicada na edição de maio/junho de 2024 - Texto: Joyce Santos - Edição: Fabiano Bordignon - Revisão: Ronaldo Amorim Sant'Anna.